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Luanda Leaks ajuda negócio da Unitel com os olhos da telefónica na sua participação no BFA

O CERCO A ISABEL DOS SANTOS

Todo o processo que se gerou à volta da empresária Isabel dos Santos vai facilitar a sua saída da Unitel, um dos objectivos do Governo para o sector das telecomunicações. O valor desta participação é exponenciado pela sua quota de 51% no BFA, o segundo banco do País que, em 2018, teve resultados líquidos de 174,3 mil milhões de kwanzas, 37,9% do total dos lucros da banca comercial angolana.

A Unitel sempre dividiu Isabel dos Santos e o novo Governo. Não sendo apenas a telefónica líder, com uma quota de mercado que se aproxima dos 80%, a Unitel possui também a maior rede de infra-estruturas, acima do que a Angola Telecom tem, e de forma directa possui a maioria de capital naquele que é o segundo banco do País, o BFA.

Por outro lado, ambos apresentam lucros significativos e, se olharmos sob a perspectiva de ter de funcionar sem a protecção do Estado, o BFA e a Unitel são os activos mais valiosos da empresária em Angola. Pelo menos, parece ser esta a leitura da Presidência, que sempre defendeu que as infra-estruturas e a posição de mercado que a Unitel conseguiu foram suportados com dinheiro do Estado, tal como a posição maioritária no BFA, e que por isso deveria a empresária, e também a Geni, restituir parte do capital que tinha na companhia.

Ainda no período de vigência da Lei do Repatriamento Voluntário de Capitais, que garantia aos aderentes uma amnistia fiscal e penal, terá havido conversas entre representantes do Estado e alguns empresários de que havia suspeitas sobre a proveniência dos capitais que deram origem às suas empresas. De acordo com o que o Expansão apurou, terá havido mesmo uma proposta concreta a um representante da empresária no sentido de alienar 20% da Vidatel, mantendo uma quota de 5% na empresa.

É importante dizer que, tal como Isabel dos Santos, muitos outros empresários e políticos não acreditaram que esta luta seria para levar até ao fim e, por isso, deixaram o tempo passar sem grandes preocupações. Mesmo quando começaram a ser desencadeados os primeiros processos coercivos, alguns não acreditaram que o processo pudesse chegar até ao fim. Depois da condenação de Augusto de Tomás, do início do julgamento de Walter Filipe e Zenu dos Santos e agora as acusações a Isabel dos Santos, muitos dos que já estavam identificados aparecem dispostos a negociar com o Governo.

Apenas mais um detalhe para que se perceba a realidade de hoje: os que deram o primeiro passo e se apresentaram com os seus bens, dispostos a negociar com o Governo durante o período de vigência da Lei do Repatriamento Voluntário, e de acordo com o quadro legal que estava em vigor, estão amnistiados. Embora a lei consagre também a privacidade dos mesmos, não é difícil de perceber que alguns estão nesta situação e que não serão incomodados pela Justiça. (...)


(Leia o artigo integral na edição 558 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Janeiro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)


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