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General Dino vende 10% da sua participação na distribuidora Puma Energy à Trafigura

NOTÍCIA AVANÇADA EM PERÍODO DE LUANDA LEAKS

Trafigura está a negociar um complexo acordo de reestruturação financeira, comprando 10% da participação do general Dino e vendendo depois as acções que comprar à Cochan novamente à Puma.

A companhia suíça Trafigura está em negociações avançadas com o grupo Cochan do General Leopoldino do Nascimento para comprar 10% das acções do empresário na empresa de distribuição de combustíveis angolana Puma Energy.

De acordo com notícias da Reuters e Financial Times que citam fontes ligadas ao processo, as negociações começaram em Janeiro do ano passado depois da mudança de liderança na companhia suíça e estão muito perto da concretização. Assim, a Trafigura está a negociar um complexo acordo de reestruturação financeira, que fará com a que a Cochan, um veículo de investimento fundado pelo general "Dino", reduza a sua participação na Puma, de 15% para menos de 5%.

A Trafigura, que já detém 49% da Puma (a Sonangol tem 28%), venderia depois as acções que comprar à Cochan novamente à Puma, assim conseguindo manter a sua percentagem accionista abaixo dos 49% e evitando consolidar a Puma nas suas contas.

De acordo com os dois jornais, a dívida da Puma, no final de Setembro, era de 1,68 mil milhões USD, e esta operação poderia ajudar a distribuidora de combustíveis a alargar a base de investidores. E, para isso, a estratégia passa por reduzir a exposição a um accionista que considerarão tóxico e que poderia limitar financiamentos junto de bancos internacionais ou outras fontes de investimento.

A Puma Energy e o grupo Cocham recusaram-se a responder às questões enviadas mas, segundo o Jornal de Angola, esta quarta-feira o general Dino terá dito que a negociação já foi concluída há um ano.

A Reuters avança que a Trafigura pretende gastar entre 357 milhões USD e 535 milhões no processo de reforço da posição em Angola, que reconhece ser um dos seus principais negócios em África.

A Puma Energy é proprietária de 78 postos de abastecimento em Angola, operando ainda 5 terminais de armazenamento de combustíveis e um centro de carregamento junto ao porto de Luanda que serve para abastecer vários países africanos.

A Sonangol já confirmou que pretende alienar a sua participação na Puma Energy. De acordo com o programa de privatizações que indica as 195 empresas cujos activos e participações o Estado pretende alienar, o processo de alienação da participação do Estado na Puma Energy arranca este ano.

Mudança da liderança e crise na Trafigura

A companhia suíça mudou de liderança em finais de Janeiro de 2019. Saiu Claude Dauphin o homem que esteve à frente do negócio que definiu a actual estrutura accionista da Trafigura e que determinou a entrada da empresa no mercado angolano em 2004. Dauphin foi substituído por Emma Fitzgerald que assume a empresa um ano após os resultados terem caído.

Após uma auditoria levada a cabo pela Mckinsey, a Trafigura tem estado a vender alguns dos seus activos, começando pelos interesses no Paraguai e recentemente na Austrália que tinham estado a prejudicar as contas da empresa.

No seu relatório anual de 2019, a Trafigura reduziu o valor das suas acções na Puma em USD 200 milhões, para 1.750 milhões USD, enquanto o valor dos activos da trafigura no mundo estão avaliados em 3.570 milhões.

A empresa tem outros interesses cruzados com o grupo Cocham, nomeadamente a joint venture designada DTS Holdings que é a principal holding do DT Group, companhia focada na distribuição e armazenamento de combustíveis na Africa subsaariana. Segundo fontes do Expansão este grupo opera no Togo, o que coloca o país na lista dos maiores parceiros de negócios de Angola. Por via desta parceria o Togo, em 2018 e 2019, chegou a estar no top 5 dos países fornecedores de Angola.