Bancos preferem financiar governos e recusam crédito a PME com excesso de garantias
Nos últimos três anos, na África Austral, apenas um banco angolano faliu, refere um relatório do Banco Europeu de Investimento, que revela a solidez da banca comercial da região e a sua apetência por financiar governos.
Os bancos na maioria dos países africanos favorecem os empréstimos a governos e grandes empresas, canalizando pouco financiamento para as pequenas e médias empresas (PME), conclui o relatório sobre a banca africana, publicado pelo Banco Europeu de Investimentos, que revela que os bancos na África Austral "resistiram bem" à desaceleração económica dos últimos anos.
"Os sectores bancários da África Austral permanecem geralmente resilientes com altos níveis de capital e rentabilidade, embora as necessidades de financiamento pesem nos balanços de muitos bancos", lê-se no relatório "Banking in Africa - Financing transformation amid uncertainty", elaborado por uma equipa de 40 economistas, coordenada por Jean-Philippe Stijns.
Apesar de o sector bancário variar muito em toda a região, há "características comuns". Uma delas é a "pressão exercida sobre o sector à medida que as finanças dos governos enfraquecem em vários países, incluindo Zâmbia, Angola, Zimbabwe, Namíbia e África do Sul, com os bancos a financiar os défices orçamentais por meio de empréstimos a governos e a empresas públicas", refere o estudo, de 222 páginas.
Em alguns casos, isso secou os empréstimos que poderiam ser canalizados para as empresas, a quem são exigidos níveis significativos de garantias, diminuindo o investimento no sector privado devido à falta de financiamento.
O estudo revela que a proporção de crédito doméstico no PIB de África Austral atingiu um pico em 2014, com 41%, situando-se hoje nos 37%. Mas a média da região oculta diferenças díspares entre os países, com África do Sul bem acima da média, com 148% do PIB, seguido das Maurícias (80-100%) e a Namíbia (60%), longe dos 30% do Botswana e das Seicheles.
"Muitas vezes, as instituições financeiras possuem boas posições de liquidez, mas hesitam em aumentar os empréstimos devido à percepção de riscos relativos e fraquezas institucionais nos mercados domésticos", referem os autores do estudo. Nesses casos, "esquemas de compartilhamento de riscos fornecidos por parceiros de desenvolvimento são ferramentas eficazes para aumentar o financiamento às PME". (...)
(Leia o artigo integral na edição 564 do Expansão, de sexta-feira, dia 6 de Março de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)