Sector produtivo 'vale' 17% dos 4,9 biliões Kz do stock de crédito concedido pela banca
Contrariamente ao discurso oficial da aposta nos sectores da diversificação económica, estatísticas do banco central mostram que empréstimos bancários são canalizados para sectores não produtivos. Total do crédito subiu 53% em cinco anos, com o comércio a retalho e a grosso a registar um crescimento de 89,5%.
Apenas 822 mil milhões Kz, equivalentes a 17% do total de 4,9 biliões Kz do stock de crédito concedido pela banca, até final de 2019, estão concentrados nos sectores produtivos, nomeadamente a indústria extractiva e transformadora, agricultura e pescas. Banca continua a privilegiar o crédito ao sector do comércio a grosso e a retalho, que representa hoje o maior volume de empréstimos, superando o 1 bilião Kz.
O posicionamento do comércio por grosso e a retalho no topo da lista do crédito em 2019 revela que os bancos continuam a libertar mais crédito aos sectores fora da diversificação da economia, contrariando o discurso do Governo que tem como estratégia o fomento das quatro áreas que compõem o sector produtivo.
Aliás, o sector da agricultura, por exemplo, representava até ao final do ano passado 5% sobre o total de crédito concedido à economia, o que compara com peso do comércio por grosso e a retalho, que, no mesmo período, representava 22% sobre total da carteira de crédito da banca.
De acordo com uma fonte do sector, o crédito ao comércio envolve, principalmente, financiamento às grandes superfícies comerciais.
Por outro lado, o crédito a particulares, geralmente associado ao consumo, aparece em segundo lugar da lista, suplantando o sector imobiliário, que passa para terceiro em 2019. . Seguem-se a construção, que quase duplicou o crédito desde 2014 e a indústria transformadora, cujo crédito cresceu 58,7% desde o início da crise.
Desde 2014, o crédito concedido à economia subiu 53%, ao passar dos 3,2 biliões Kz para 4,9 biliões. Porém, o peso dos quatro sectores produtivos cresceu ligeiramente, passando de 14% em 2014, equivalente a 450 mil milhões Kz, para 17%, equivalente a 822 mil milhões.
Segundo o empresário e consultor financeiro Galvão Branco, os bancos canalizam o crédito em função do interesse de negócio. "O banco tem que ver o que é mais rentável para o seu negócio. O crédito é um produto e os bancos têm que ver o que é que lhes dá mais garantias", defende.
Para Galvão Branco, a "segurança de que os empréstimos sejam reembolsados, e que não se vão constituir em crédito malparado" são elementos que devem constar na análise do processo de crédito, assim como os impactos deste ao nível do balanço dos bancos. " O crédito não tem que ser dado só à agricultura; cada um dos clientes tem que chegar ao banco e provar se o projecto é viável, ou se o perfil de risco não é assim tão gravoso. Isso tem de acontecer", considerou. (...)
(Leia o artigo integral na edição 566 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Março de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)