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Opinião

O País está diferente

Editorial

A nomeação de três "jovens lobos" para o Governo lançou outra vez a questão do conflito de gerações entre os candidatos a ministros.

Muitos, porque acham que a experiência e a idade é um critério decisivo para estes lugares, vão insinuando nas redes sociais e nas declarações públicas que estes "mais novos" estudaram fora, como se isso os tornasse menos capazes, que não conhecem o País e as populações, talvez seja uma vantagem tendo em conta o que eram as práticas do passado, que têm que se rodear de mais velhos para os apoiarem, parece que não estão virados para aí, ou mesmo que o seu conhecimento é apenas teórico, mas é sempre assim quando nos deparamos com alguma coisa nova.

O Presidente da República teve coragem, pelo menos há que reconhecer isso. E é facilmente entendível, se se quer uma nova forma de gerir, isso tem que ser feito com gente nova. Estes vão errar, claro, mas possivelmente não irão errar de forma propositada e comprometedora para o Estado. O importante mesmo é que os "mais velhos" não se ponham de um lado da trincheira à espera de os ver escorregar, e neste aspecto é importante que existam no Governo ministros com maior experiência de gestão, mas que não fazem parte dessa geração que passou as últimas décadas na esfera do poder.

O emagrecimento do Governo, com a fusão dos ministérios, também foi um bom sinal. Claro que agora se pode discutir porque é que as Pescas estão com a Agricultura, como é que a Cultura se mistura com o Ambiente, ou porque é que não se fez outras fusões, nomeadamente a Educação com o Ensino superior. Mas aquilo que parece importante é que vemos, penso que pela primeira vez, o Estado a perder peso. Essa é a melhor notícia.

E isso também se estende à Assembleia Nacional. O orçamento para este ano, publicado a 30 de Março, apresenta cortes de 1,5 mil milhões de kwanzas e mais algumas mordomias a que os deputados estavam habituados. Por exemplo, o tal subsídio de renda de casa do presidente Fernando da Piedade dos Santos, que em 2019 era de 17 milhões de kwanzas/mês, sem qualquer explicação, também acabou. A crise tem ajudado, os compromissos internacionais com algumas instituições também, uma maior participação da sociedade civil que opina e questiona, tudo junto tem contribuído para que o País esteja diferente. Muitos dirão que não está melhor, mas indiscutivelmente não é o mesmo de Setembro de 2017.

Já agora um conselho - fique em casa e proteja-se. A luta nesta altura é também contra a propagação da Covid-19. Vamos ser capazes de não deixar que o vírus se alastre no nosso País.

(Editorial da edição 569 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Abril de 2020, disponível em papel ou gratuitamente em versão digital)