Hoteleiros suspendem pagamento de impostos e Segurança Social
O País tem nesse momento 235 hotéis, 1.771 empreendimentos hoteleiros, restaurantes e similares 5.839. Em termos de quartos, os números apontam para um universo de 28.462, hoje praticamente vazios. Hoteleiros não sabem como vão pagar salários se a crise continuar.
O estado de emergência decretado para responder à pandemia Covid-19 atirou a hotelaria angolana para a pior crise de sempre, com taxas de ocupação muito baixas, o que vai obrigar os hoteleiros a suspender o pagamento de impostos e de Segurança Social e aproveitar a "boleia" da banca, que está impedida nos próximos dois meses de cobrar prestações de crédito aos seus clientes.
Tratando-se de um sector que estava a definhar no período pós ano dourado do CAN 2010, a sofrer com a crise económica e financeira iniciada em 2014, a suspensão da circulação de pessoas e a saída de estrangeiros do país obrigou ao encerramento temporário de algumas das unidades hoteleiras, o mesmo acontecendo com outros sectores de actividade como a restauração.
Os operadores hoteleiros e turísticos garantem ser a taxa de ocupação mais baixa desde sempre e os poucos serviços que ainda resistem resumem-se aos hóspedes residentes, ou seja, pessoas afectas às empresas petrolíferas e a turistas que ficaram retidos em Angola devido ao fecho das fronteiras e aeroportos.
"Serão suspensos os pagamentos, no mesmo período, de planos de pagamento ou acordos de regularização de dívidas aos bancos, impostos e segurança social", refere a Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), em resposta a questões do Expansão.
Antes da crise da pandemia, os níveis de ocupação rondavam os 20% a 30%, em Luanda, mas hoje, de acordo com a AHRA é que tudo "está parado e os hotéis fechados". A associação recorda que não há registo na história da hotelaria e do turismo no País de uma quebra tão brusca do negócio como aconteceu nesta fase, em que na maioria das unidades a taxa de ocupação é quase 0%. O País tem nesse momento 235 hotéis, 1.771 empreendimentos hoteleiros, e 5.839 restaurantes e similares. Em termos de quartos, os números apontam para um universo de 28.462. Se há quatro anos o sector empregava 219.349 pessoas, actualmente os dados ainda são desconhecidos.
A AHRA indica, por outro lado, que os mercados emissores de turistas de negócios que mais contribuíram para a quebra que se regista, foram o europeu e asiático, arrasados, ainda, pela pandemia da Covid-19 e pelas medidas adoptadas pelos governos como o encerramento de fronteiras e o isolamento social.
A prestação de serviços neste segmento de negócio já andava em baixa, mesmo com a abertura do Governo na cedência de vistos de turismo, mas tudo se complicou com a expansão da Covid- 19 a nível mundial. Atendendo à grave crise que o sector vive, os operadores reconhecem que o Estado tem a responsabilidade social de velar pela sobrevivência das empresas e para manter os postos de trabalho e aguardam medidas concretas para este sector. (...)
(Leia o artigo integral na edição 569 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Abril de 2020, em papel ou na versão digital disponível aqui)