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Gestão

Covid-19 e o seu impacto no sector bancário angolano

Em análise

Uma vez assegurada a continuidade do negócio e das operações, os bancos angolanos enfrentarão outro grande desafio no domínio do financiamento e cedência de liquidez a empresas e particulares. Com efeito, é expectável a redução e em alguns casos mesmo o colapso de liquidez das famílias e empresas, devido à quarentena e confinamento, desemprego, redução de negócio...

A rapidez com que o surto do novo coronavírus - Covid-19 - se está a espalhar pelo mundo e a atingir o seu ponto crítico, nos continentes europeu, africano e americano, num extenso conjunto de geografias e de países, incluindo Angola, acarreta consequências muito relevantes, quer em termos sanitários, quer em termos económicos e representa também um enorme desafio para as instituições, designadamente para os bancos angolanos, que terão neste contexto de tomar importantes decisões de negócio e operacionais.

Neste âmbito, os bancos angolanos terão de assegurar a rápida implementação de um vasto conjunto de medidas que preservem a respectiva operacionalidade e continuidade, em circunstâncias muito complexas, ao mesmo tempo que é esperado pelos diferentes agentes económicos e de mercado - governo, supervisores e reguladores, clientes, famílias e empresas - que mantenham o seu papel fundamental no suporte à economia angolana, num período de especial vulnerabilidade em termos económicos e financeiros.

Com efeito, embora os bancos não estejam a ser atingidos de forma directa pela Covid-19 como sucede com outras instituições de retalho, estão contudo na linha da frente em relação à atenção pública. Adicionalmente, ocupam um lugar central na economia, no financiamento e cedência de liquidez a empresas e particulares, pelo que a sua estabilidade é crucial para manter o sistema a funcionar correctamente. Neste sentido, os bancos angolanos terão, em primeira instância, de se focar na continuidade do negócio e das suas operações, na distribuição dos produtos e na manutenção do serviço ao cliente, adoptando medidas que lhes permitam ultrapassar um conjunto de desafios, tais como:

- Assegurar as infra-estruturas (e.g. servidores), os meios e condições técnicos, logísticos, de comunicação (e.g. software para realização de videoconferências e de trabalho colaborativo) e de IT (e.g. computadores portáteis, monitores) necessários para que os colaboradores possam continuar a trabalhar em regime de teletrabalho, mantendo os níveis de produtividade, incluindo aqueles que executam tarefas de back-office fundamentais ao processamento, formalização, registo e liquidação de transacções;

- Gerir uma eventual maior variabilidade dos recursos humanos disponíveis diariamente, em função de ausências de colaboradores infectados pela Covid-19, obrigados a medidas de quarentena ou isolamento social, ou que tenham de prestar apoio à família, adoptando planos de contingência específicos para o efeito;

- Manter um conjunto de agências em funcionamento, assegurando o distanciamento social e mitigando o risco de contágio de colaboradores e clientes;

- Ajustar a capacidade de resposta dos call e contact centers ao aumento expectável da procura e volume de chamadas recebidas;

- Garantir a operacionalidade da rede "Multicaixa", designadamente o carregamento das caixas electrónicas e o funcionamento dos terminais de pagamento automático, promovendo simultaneamente junto dos clientes a redução de operações em dinheiro e o incremento das transacções através de meios e canais digitais. (...)

*Director da KPMG

(Leia o artigo integral na edição 572 do Expansão, de sexta-feira, dia 1 de Maio de 2020, em papel ou na versão digital disponível aqui)