África do Sul transpõe linha vermelha ao pedir ajuda ao FMI
No meio de uma chuva de críticas por ter pedido um empréstimo de 4,2 mil milhões USD ao FMI, o governo e os bancos procuram financiadores para viabilizar o pacote de empréstimos às empresas atingidas pela Covid-19. Os críticos alegam que o governo abriu a porta à "submissão", contrariando o ADN do ANC.
Os bancos sul-africanos e o governo estão à procura de soluções para aumentar o programa de empréstimos de 11,6 mil milhões USD às empresas atingidas pela Covid-19, numa altura em que sobe de tom a discussão sobre o pedido de financiamento de 4,2 mil milhões USD ao Fundo Monetário Internacional. Ao recorrer ao FMI, o governo de Cyril Ramaphosa ultrapassou uma linha vermelha traçada pelo Congresso Nacional Africano (ANC), no primeiro governo multirracial liderado por Nelson Mandela, desencadeando um coro de críticas.
A África do Sul apresentou um pedido de financiamento ao FMI, ao abrigo do Mecanismo de Financiamento Rápido, confirmou no dia 21 de Maio, em conferência de imprensa, o director de comunicação do fundo. Gerry Rice fez questão de esclarecer que ainda não havia decisão e que o montante "está sujeito a discussão e decisão do conselho executivo" do FMI.
A confirmação de que o executivo bateu à porta do FMI abriu uma ferida no partido do governo. Além de transpor uma linha vermelha, "marca o primeiro passo em direcção a uma ladeira escorregadia de submissão", resume a Bloomberg, após ouvir analistas, organizações sindicais e académicos, que consideram ainda insuficientes os 4,2 mil milhões USD que a África do Sul pode obter junto do FMI, e que correspondem a 100% da quota do país.
(Leia o artigo integral na edição 579 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Junho de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)