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Angola

EcoAngola desafia figuras públicas a darem o exemplo na Campanha "Julho sem Plástico"

Cada Luandense produz em média entre 650 gramas a 1 Kg de resíduos por dia

Não se conhece a ordem de grandeza mas deve andar pelos milhões. Sacos de plástico e embalagens que todos os dias esvoaçam pelos espaços públicos do país. Em alguns locais de Luanda chegam a forrar o chão, como tapetes a céu aberto. Tal como os plásticos também os dados relativos à produção de resíduos andam numa deriva total. Sem reciclagem, não se sabe a jusante a quantidade, a tipologia nem a origem. Uma e outra situação preocupam as principais organizações angolanas que intervêm nesta matéria, ouvidas pelo Expansão: a EcoAngola, anfitriã da campanha em curso "Julho sem Plástico", a Juventude Ecológica Angolana e Vladimir Russo, Consultor Ambiental e Director da Fundação Kissama.

Contra a corrente e desde logo a EcoAngola, organização que encabeça a campanha "Julho sem Plástico" - iniciativa internacional lançada em 2011, pelo Earth Carers Waste Education, na Austrália -, que devido à pandemia está a desenvolver a acção de sensibilização, timidamente, e apenas nas plataformas digitais, envolvendo algumas figuras públicas: Maria Borges, Mel Chaves, Bruna Sardinha, Vânia Vilela e o DJ Bruno AG, entre outros.

Ainda durante este mês está prevista uma outra iniciativa, revelada ao Expansão pela directora da EcoAngola, Érica Tavares, que consiste na colocação na Via Expresso do primeiro contentor reutilizado destinado a reciclagem da EcoAngola, em parceria com a Sociedade Gestora de Terminais, Sogester, para deposição de garrafas de plástico, vidro, latas de alumínio, ecobricks e donativos.

Até a opinião avalizada de Vladimir Russo que conhece como poucos a realidade dos resíduos em terra e no mar, onde o plástico domina sobre qualquer espécie, vale-se do conhecimento prático no terreno, em detrimento da falta de números oficiais, e mesmo os que existem são de 2012. Foi com base nestes que o ambientalista chegou aos dados comparativos da produção de lixo na capital angolana e no resto do país. Russo revelou ao Expansão que "o habitante de Luanda é quem produz mais lixo, entre 650 gramas e 1 Kg, por dia, dependendo se vive mais na mancha urbana ou na periferia, muito acima da média nacional que é 460 gramas de lixo por dia".

Também a JEA, Juventude Ecológica Angolana foi envolvida na campanha "Julho sem Plástico". José Silva, presidente da organização, considera que apesar da mensagem e da acção ser muito virtual devido ao confinamento, é importante mexer com as consciências, para sensibilizar para o que considera o "uso insustentável dos sacos, absurdo até, usa-se para tudo e para nada".

Sobre uma das missões em que está investida a Primeira-dama de Angola enquanto embaixadora da campanha "Banir os Plásticos para uma África Livre de Poluição" iniciativa da União Africana, José Silva admite que não viu resultados desta campanha no país, o que lamenta, sobretudo tendo em conta a boa estratégia na escolha do nome de Ana Dias Lourenço e de outras congéneres africanas pela visibilidade que têm.

Campanha "Julho sem Plástico" com restrições devido à pandemia

Por causa da Covid-19, "cuja responsabilidade é toda nossa, porque homem e natureza deixaram de ser um só e gerou-se o desequilíbrio", defende Érica Tavares, a campanha "Julho sem plástico" está a decorrer em Angola de forma informal, sem "qualquer concertação com a iniciativa internacional", numa parceria com a Yungo e a Lox Recicla, para passar a mensagem "contra o plástico de uso único".

A Directora da EcoAngola insurge-se contra a "dependência massiva do plástico no país por falta de sensibilização" e contra a atitude comum que é a de "não deitar fora o lixo, mas sim no próprio ambiente".

Por estes dias os utilizadores das redes digitais vão cruzar-se com a mensagem da campanha nos perfis de Maria Borges (Embaixadora EcoAngola), Mel Chaves, Bruna Sardinha, Vânia Vilela e o DJ Bruno AG, figuras que foram desafiadas pela EcoAngola a dar o exemplo e a passar a mensagem através de uma fotografia a segurar um cartaz com uma mensagem sobre sustentabilidade e assim inspirar os seguidores a replicarem o exemplo, com a hashtag do movimento #julhosemplasticoangola.

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