É este o momento da verdade para a integridade nas organizações?
Compreender a cultura organizacional e o nível de, e a predisposição para o, cumprimento dos seus colaboradores, nos diferentes níveis das organizações, revela-se fundamental, para a implementação de políticas, processos e procedimentos adequados, devidamente ajustados a cada realidade em concreto e auditáveis pelas diferentes partes interessadas.
A pandemia da Covid-19 está a ter um impacto significativo nas pessoas, nas famílias, nas organizações e nas comunidades, a nível global. No decorrer desta crise, organizações e governos enfrentam desafios significativos, que exigem decisões complexas, com impacto na sua viabilidade e no seu sucesso a médio e longo prazo.
De entre os desafios que se colocam, destacam-se, entre outros, a necessidade de proteger clientes e colaboradores, mantendo canais de produção e distribuição de produtos e a prestação de serviços, até questões sobre pagamento de dividendos, quando se recorre a apoios governamentais.
O nível de escrutínio, sobre entidades públicas e privadas, está mais elevado do que nunca. As decisões tomadas no decorrer da crise serão avaliadas ao longo dos próximos meses e anos.
O Estudo da EY foi realizado em ambas as fases, previamente e no decorrer da crise pandémica. A maioria dos participantes no estudo considera que a crise da Covid-19 coloca desafios adicionais à integridade e à ética nas organizações.
Os resultados do estudo demonstram que ainda existe um número significativo de colaboradores predispostos a actuar de modo menos ético face à necessidade de cumprir objectivos financeiros. O estudo também indica uma disparidade na percepção de comportamentos éticos nas organizações, com os colaboradores mais juniores a referirem que nem sempre confiam na integridade dos seus líderes, enquanto a maioria destes acredita actuar com integridade, sendo que praticamente todos os participantes vêem as vantagens de actuar com integridade.
O relatório do estudo destaca três áreas de actuação crítica para a implementação de uma agenda para a integridade nas organizações: conduta pessoal; gestão de contrapartes; e integridade dos dados.
Entre Janeiro e Fevereiro de 2020, entrevistámos quase 3.000 colaboradores, da base ao topo das organizações, em 33 países e territórios em todo o mundo. Em Abril de 2020, entrevistámos mais 600 colaboradores, com o mesmo perfil, em seis países-chave com maior impacto da Covid-19, designadamente a Alemanha, China, Estados Unidos da América, Índia, Itália e Reino Unido. A EY está a desenvolver estudos específicos para Angola, Moçambique e Portugal.
Conduta pessoal
Mesmo antes da pandemia da Covid-19, as organizações já se debatiam com pressões significativas aos seus negócios. Guerras comerciais, controlo de exportações e sanções, fraudes e convulsões políticas e sociais, ampliados pelos media e pelo recurso às redes sociais, têm um peso significativo para os negócios, contribuindo para o escrutínio das organizações e para o comportamento dos seus colaboradores.
No âmbito do estudo, cerca de 30% dos participantes responderam estar preparados para agir de modo menos ético, visando a progressão na carreira ou a melhoria do pacote remuneratório.
Compreender a cultura organizacional e o nível de, e a predisposição para o, cumprimento dos seus colaboradores, nos diferentes níveis das organizações, revela-se fundamental, para a implementação de políticas, processos e procedimentos adequados, devidamente ajustados a cada realidade em concreto e auditáveis pelas diferentes partes interessadas.
*Partner EY, Forensic & Integrity Services
(Leia o artigo integral na edição 582 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Julho de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)