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"Há necessidade de formalizar a Ordem dos Biólogos com urgência"

Miguel Morais

A consultoria em biologia começa a ser realidade em Angola, mas ainda é feita por pessoal sem formação adequada. Ao Expansão, o coordenador do projecto Kitabanga revela que a cooperação científica com parceiros internacionais vem preencher uma lacuna.

Foi há 17 anos que surgiu o projecto Kitabanga. Ele nasce da falta de atenção dada a esta área?

O projecto surge pela necessidade de se ter um conhecimento sobre a condição das tartarugas marinhas em Angola face à pressão a que estavam sujeitas. E, nesta vertente, apostou-se igualmente na formação de quadros e na educação ambiental em prol da conservação.

Quais são as metas do projecto para este ano?

Para esta nova temporada, 2020/2021, o Projecto Kitabanga conta abrir mais seis pontos de amostragem, passando para 14 no total, e com isto teremos mais área percentual de monitorização para uma maior robustez dos dados que fundamentam os relatórios. Por outro lado, estão agendadas campanhas de sensibilização e produção de material para atingir um maior número de pessoas ao longo da costa.

Enquanto biólogo, quais são os desafios?

Muito há para pesquisar. Só na vertente das tartarugas marinhas ainda pairam no ar bastantes incógnitas, pelo que o grande desafio está em levar avante trabalhos que ajudem a compreender tais mistérios, para que medidas de gestão possam ser adequadas ao património biológico que temos.

Como é o mercado de trabalho na área de biologia em Angola?

As áreas de actuação são vastas e a necessidade de intervenção é grande, uma vez que há muito por fazer na área da investigação e/ou gestão de biodiversidade em Angola. Contudo, a falta de políticas e de apoio às instituições de ensino e investigação, o incentivo de projectos na área, a própria capacidade orçamental das instituições tornam-se limitações no mercado de trabalho do ramo. Por outro lado, no sector da biotecnologia, a pouca expressividade da nossa indústria no sector alimentar e farmacêutico, por exemplo, e o pouco investimento na área não favorecem os profissionais, que poderiam ser de uma mais-valia para o desenvolvimento socioeconómico face aos inúmeros desafios com que todos os dias nos deparamos. Entretanto, também há que haver empreendedorismo...

Que oportunidades existem para progredir no campo da biologia? É possível ter estabilidade financeira como biólogo em Angola?

Uma das oportunidades de progredir no campo da biologia é a ligação a projectos de investigação e estes deverão estar ligados a instituições de pesquisa, quer a nível nacional e/ou internacional, estatais ou privados. Contudo, estes projectos ainda são poucos, o que se torna um problema sério. No sector privado, empresas há que necessitam de quadros com formação em ciências biológicas, traduzindo-se em possibilidade de ingressar no mercado de trabalho e em equipas dinâmicas, com autonomia financeira.

(Leia a entrevista integral na edição 583 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Julho de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)