Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Empresas & Mercados

Bastos de Morais manda fechar banco Kwanza Investe

Processo de venda em suspenso

Há dois anos já o Expansão avançava que só a venda da participação de Bastos de Morais podia salvar o banco. Depois de no ano passado a venda a António Mosquito ter "batido na trave", o mesmo aconteceu agora num negócio com uma empresa praticamente desconhecida. Segue-se a dissolução.

O accionista maioritário do banco Kwanza Investe, o suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, solicitou a convocatória de uma assembleia geral extraordinária em que o ponto único assenta na dissolução do banco, apurou o Expansão.

Esta decisão surge após complicações no processo de venda da sua participação de 80,5% à empresa Bamarros SA, uma vez que a Procuradoria-Geral da República bloqueou a transferência de 19 milhões USD para pagar essa operação por se tratar de uma operação suspeita comunicada pela Unidade de Informação Financeira (UIF).

Isto porque os cerca de 19 milhões USD da transacção foram depositados numa conta bancária "bloqueada" (escrow account) domiciliada no banco Keve em nome do advogado de Bastos de Morais, Sérgio Raimundo. Por se tratar de uma transferência de valor elevado, o banco estava obrigado a comunicá-la à UIF que, por sua vez, deve apurar se a proveniência do dinheiro é lícita, no âmbito da lei de combate ao branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo. Para ser concretizado o negócio, além do desbloqueio das verbas pela PGR, também o BNA terá que autorizar a operação, depois de apurar.

Desde 2018 que o accionista maioritário do Kwanza Investe estava obrigado a vender a sua participação para impedir o encerramento do banco. A fuga de 82% dos depósitos em dois anos, a falta de compliance com os padrões do banco central já verificados em 2018 e em 2019, bem como o incumprimento dos mínimos dos fundos próprios regulamentares levaram o auditor independente às contas de 2019, a Crowe, a levantar dúvidas sobre a continuidade do negócio.

Segundo o relatório e contas 2019, o banco do patrão da Quantum Global, a quem o ex-presidente do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), Filomeno dos Santos (antigo accionista deste banco), tinha confiado grande parte da gestão dos investimentos do FSDEA, apresentou ao BNA, em Novembro de 2019, um plano de revitalização e de continuidade do negócio, que assenta em dois cenários. O primeiro passava pela venda das participações societárias do principal accionista, com o novo accionista a cobrir a insuficiência no capital regulamentar, através de um aumento de capital em 100 mil USD. O segundo passava pelo aumento da actividade do banco.

(Leia o artigo integral na edição 584 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Julho de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)