Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

Eleições autárquicas

Editorial

Na última página da edição 27 de Março, o Expansão fez um artigo com o título "Eleições Autárquicas adiadas para o próximo ano", onde se explicava que não havia nem tempo nem dinheiro para fazer as eleições em 2020. Lembro apenas uma parágrafo desse texto escrito há cinco meses e meio: "Fontes junto do Governo confirmaram ao Expansão que "se o calendário já estava muito apertado, com os desenvolvimentos das últimas semanas, é impossível que se realizem em 2020. Além das questões operacionais, temos agora os constrangimentos financeiros".

Nesse mesmo artigo, explicava-se que "nas condições actuais o ónus do adiamento já não irá cair sobre o Governo" e que "o próximo passo será a oposição entender esta realidade, abandonar a ideia das eleições este ano e negociar com o Governo e com o partido da maioria uma data para 2021, garantindo por via desse compromisso um momento certo para as eleições autárquicas".

Exactamente 168 dias depois os factos estão aí. O ónus do adiamento foi atirado pelo Presidente da República para a Assembleia Nacional, que não aprovou a legislação necessária para a realização das eleições, o ministro da Administração do Território assumiu a explicação aos jornalistas, a oposição mais uma vez não percebeu os factos por antecipação e deixou arrastar, ficou com parte das culpas, manteve o discurso, mas não conseguiu segurar um compromisso com o Governo e com a maioria para a sua realização. Ou seja, não há eleições em 2020, não há data, e agora o Governo está muito mais confortável. Trocou o compromisso de João Lourenço de 2018 que havia prometido eleições este ano por um "todos queremos as eleições autárquicas, mas estas só podem realizar-se quando estiverem reunidas todas as condições". Pode ser daqui a seis meses, um ano ou mesmo depois das legislativas. Ninguém sabe, porque não há forma de avaliar que condições são essas e quando é que estarão todas reunidas.

Vou abrir um parênteses para dizer que os mais prejudicados com o adiamento das eleições autárquicas são os cidadãos, é a sociedade civil, que continua a ver adiada a possibilidade gerir uma parte dos seus destinos fora das motivações partidárias. Não tenho dúvidas que um independente terá sempre um maior compromisso com os eleitores, uma vez que não tem que dividir esse esforço com a máquina partidária que o elegeu. E também acredito que fora dos partidos estão excelentes quadros que darão óptimos autarcas. Mas esses vão continuar fora do poder porque, pelos vistos, ninguém que tem a responsabilidade de as realizar, quer, assim tanto, que as eleições se realizem com brevidade. Por agora, continuamos à espera... que as condições estejam reunidas.