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Angola

Inflação acelera pressionada por preços de bens e serviços

Índice de preços no consumidor de Agosto

O custo de vida para o consumidor nacional voltou a acelerar e aumentou 1,8% entre Julho e Agosto, mantendo o ritmo dos dois meses anteriores, indicam os dados do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) do Instituto Nacional de Estatística (INE). A classe "Bens e Serviços Diversos", com 2,7%, foi a que registou a maior subida de preços, reflectindo um aumento da procura dos serviços oferecidos pelos pelos prestadores de serviços, na fase da pandemia. Seguiram-se as classes das "Bebidas Alcoólicas e Tabaco", com 2,41%, "Alimentação e Bebidas não Alcoólicas", com 2,07%, e "Vestuário e Calçado", com 1,99%. Este é o terceiro aumento mensal consecutivo este ano.

Fontes do Expansão apontam que o cabaz de produtos que registou o maior aumento dos preços neste período é composto pelos produtos que os angolanos mais procuram nesta fase de isolamento social.

Especialistas apontam que os angolanos hoje procuram mais pelas empresas de prestação de serviços, tendo em conta as restrições impostas pelo Governo para controlar a situação epidemiológica no País e o INE, neste relatório de Agosto, reflecte esse fenómeno, ao evidenciar que há um mercado que está a crescer em Angola, que é o de bens e serviços.

Os dados do INE revelam que qualquer que seja a métrica, a inflação mensal, no consumidor nacional, está a acelerar e já é o terceiro mês consecutivo a registar aumento.

A inflação homóloga, entre Julho e Agosto, que compara os preços do mês de um determinado ano com o mesmo do ano anterior, situou-se nos 23,4%, registando um crescimento de 5,6 pontos percentuais em relação à observada em igual período do ano anterior, quando o valor se fixou nos 17,5%. De acordo com os especialistas, a evolução dos preços já está a 1,6 pontos percentuais de atingir a meta do Governo, fixada em 25%.

Os cálculos do Expansão indicam que a inflação homóloga está há oito meses consecutivos a acelerar. Uma evolução dos preços que aponta que qualquer que seja a métrica a utilizar para avaliar a evolução do custo de vida no País, todas apontam para aumentos significativos no mês de Agosto.

O Governo prevê, até ao final de 2020 uma inflação anual de 25%, mas pela marcha dos preços, em Angola, especialistas acreditam que a meta vai ser furada antes do fecho do exercício económico.

Preços disparam em Luanda

Por outro lado, a inflação mensal de Luanda, que serve de referência para avaliar o custo de vida em Angola, registou uma variação de 2,0% entre Julho e Agosto. É o valor mais alto dos últimos dois anos. Ou seja, é preciso recuar a Setembro de 2018 para encontrar o valor superior ao registado no mês passado.

Os preços na capital foram influenciados pelos "Bens e Serviços Diversos", registando o maior aumento com 3,0%. Destacam-se também as subidas verificadas nas classes "Bebidas Alcoólicas e Tabaco" com 2,6%, "Hotéis, Cafés e Restaurantes" com 2,4% e "Vestuário e Calçado" com 2,2%.

"As famílias continuam a perder o poder de compra todos os dias com a alta dos preços no grossista e no retalho e os salários cada vez mais desvalorizados. Hoje um cabaz da cesta básica, cujos produtos passaram a ser tributados, anda acima dos 80 mil Kz e não é crível que haja estabilidade dos preços em Angola, sobretudo na capital", refere o economista José Lopes, que reconhece existir, nos últimos três meses, uma pressão sobre os orçamentos das famílias, que voltaram a gastar mais com os bens e serviços, alimentação, hotéis e bebidas alcoólicas.

Em termos regionais, as províncias que registaram maiores aumento foram: Huambo com 2,5%, Cuando Cubango com 2,2%, Lunda Norte com 2,1% e Cuanza Norte com 2,0%, enquanto, no sentido inverso, Cunene com 1,3%, Benguela com 1,3%, Lunda Sul com 1,3% e Namibe com 1,4% foram as províncias que registaram os menores aumentos.