África luta pela liderança da OMC com dois candidatos
Ngozi Okonjo-Iewla, ex-ministra das Finanças da Nigéria, e Amina C. Mohamed, ex-directora queniana do conselho-geral da OMC, estão entre os cinco candidatos que se mantêm na disputa pelo cargo de director-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), que ficou vago, no final de Agosto, quando o brasileiro Roberto Azevêdo deixou o lugar um ano antes do fim do seu mandato.
Com três nomes no início do processo de escolha, num conjunto de oito candidatos, África tem esperança de "eleger", pela primeira vez, um representante seu e promover a reforma da OMC, defendida por mais de 200 CEOs africanos, auscultados durante uma pesquisa encomendada pelo Comité de Comércio e Investimento do Sector Privado Panafricano, para inverter a participação de África no comércio global, que desde 1970 caiu de 4,4% para 2,7%.
Qualquer que seja o resultado, a anunciar em Novembro, no final da
terceira fase, o continente africano "precisa cobrar igualdade de tratamento por parte da OMC", já que o regime comercial mundial actual "é a causa do défice da balança de pagamentos e da dívida externa cada vez maior dos países africanos" e a principal causa "da pobreza intergeracional e das pressões migratórias", referem Hippolyte Fofack, economista chefe do Afreximbank - Banco Africano de Exportações e Importações, e Pat Utomi, presidente do Comité Pan-Africano de Comércio e Investimento do Sector Privado.
"Encorajados pelo seu sector privado próspero, os africanos hoje pedem comércio justo, não socorro", escrevem os dois dirigentes, num artigo publicado no Project Syndicate, organização que reúne opinião e análise de especialistas de todo o mundo. No texto, ambos afirmam que "durante muito tempo, as regras do comércio global têm deixado o continente com as sobras" e "não levaram em conta as circunstâncias do mundo em desenvolvimento".
"Barreiras persistentes de importação nas economias desenvolvidas - inclusive escalas de tarifas e padrões rigorosos para produtos finais - têm limitado a capacidade de ascensão de África nas cadeias de valor", evidenciam Fofack e Utomi, notando que as "restrições vinculativas do lado da oferta" têm limitado as exportações africanas, em grande parte, a recursos naturais e mercadorias primárias.
(Leia o artigo integral na edição 594 do Expansão, de sexta-feira, dia 2 de Outubro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)