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Opinião

Cuidar da imagem

Editorial

O ruído à volta do ambiente democrático e do combate efectivo à corrupção afasta o "bom" investimento do País. E, em períodos em que o petróleo não ultrapassa os 40 dólares, afasta até o "mau".

Por isso, algumas dificuldades que estamos a viver acabam por ser compensadas por um espírito solidário que resulta do mau momento que todos os países vivem e que, na prática, resultou em moratórias de parte do serviço da dívida e do aumento dos financiamentos que os mais ricos fizeram aos mais pobres para mostrar o seu espírito magnânimo. Estando nós no segundo grupo, obviamente que beneficiámos desta "onda".

Mas este momento vai passar e a situação do País vai voltar a ser questionada pelas instâncias internacionais. O maior trunfo para qualquer Nação é a imagem de confiança que gera nos seus parceiros, e que obedece obrigatoriamente a uma cuidada gestão da imagem do seu Governo. A forma como se passa a mensagem para aqueles que poderão ser parceiros no desenvolvimento. Abrir um parênteses para esclarecer que, enquanto tivermos riquezas naturais com valor, não vai faltar gente para nos emprestar os dólares, sejam fundos de investimento de reputação duvidosa ou bancos de origens pouco escrutinadas, mas sempre com custos elevadíssimos para a nossa economia. Por um lado, as remunerações são muito altas e, por outro, usam métodos que estimulam a corrupção e a delapidação dos bens públicos.

Mas não é desse passado que estamos falar. Precisamos agora é de quem financie e se preocupe com a aplicação das verbas. Que traga também "know how", que espalhe a cultura do controlo e da poupança de recursos, que possa trazer uma nova mentalidade aos interlocutores nacionais, sejam eles empresas ou pessoas, para que não estejamos a trocar os nossos recursos por dinheiro, que vai apenas engordar as contas no estrangeiro de um número muito limitado de angolanos. Precisamos de investimento "bom".

Mas temos de fazer a nossa parte e gerar confiança e credibilidade. Que não é compatível com concentração e restrição da liberdade de imprensa, com o silêncio nas "makas" que acontecem na nossa casa, nem com uma postura arrogante perante as dúvidas que se levantam no meio deste percurso. Da mesma forma que levantamos a voz para nos indignarmos perante os casos do passado, temos de ter a coragem de enfrentar os problemas do presente. De frente. Porque só alguém muito ingénuo é que poderia acreditar que tudo ia mudar com um toque de magia. Muitas pessoas são as mesmas. Mudará, sim, com trabalho, empenho, mas fundamentalmente com verdade e transparência. E com coragem! E sem criar um mar de dúvidas a quem está a olhar para nós. Não podemos fingir que não está a acontecer nada.