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África

Primeira recessão em 25 anos custa 115 mil milhões a África

África do Sul com 17,1%, e Nigéria com 6,1% lideram quedas na região

Costa do Marfim, Etiópia e Quénia escapam à recessão este ano, de acordo com o Banco Mundial (BM), que confirma a primeira recessão económica em África, nos últimos 25 anos, com uma previsão de crescimento negativo de -3,3%, devido à pandemia da Covid-19, que custará à região 115 mil milhões USD em perdas de produção este ano. Já o FMI é mais optimista e aponta a -3,0%.

África do Sul e Nigéria, com quedas no PIB de 17,1% e 6,1%, respectivamente, no segundo trimestre de 2020 em relação ao ano anterior, são os países mais penalizados pela pandemia da Covid-19, que pode "empurrar até 40 milhões de pessoas para a pobreza extrema" em África, em 2020, "apagando pelo menos cinco anos de progresso no combate à pobreza", refere o BM, no último relatório África"s Pulse (Pulsar de África), que analisa a actividade económica no primeiro semestre do ano.

A desaceleração substancial da actividade económica "custará à região 115 mil milhões USD, em perdas de produção", originando uma contracção do produto interno bruto per capita de 6,0%, este ano, "devido a um menor consumo interno e menores investimentos induzidos por medidas de contenção para retardar a propagação do novo coronavírus", refere o relatório.

O declínio no crescimento "tem sido mais forte entre os exportadores de metais, onde se espera uma contracção de 6,0% do PIB", número que reflecte "a grande queda da produção na África do Sul", país que tem vindo a operar sob medidas severas de contenção.

Entre os exportadores de petróleo é esperada uma queda superior a 4,0% em 2020, após uma expansão de 1,5% em 2019, devido às contracções em Angola (que no primeiro trimestre de 2020 viu a economia contrair-se -1,8%) e na Nigéria (que registou o pior resultado em mais de uma década).

Em contraste, para os países não intensivos em recursos, o BM prevê que o declínio do crescimento seja, em média, "moderado", com a Costa do Marfim, Etiópia e Quénia a manterem o crescimento, devido às suas economias mais diversificadas, embora registem um abrandamento da actividade económica.

As economias dependentes do turismo, especialmente Cabo Verde, Maurícias e Seicheles, "sofreram uma forte contracção" já que os "níveis excepcionalmente fracos" do turismo internacional afectaram "gravemente" o sector dos serviços.

"Embora a pandemia não tenha terminado e a persistência e propagação do vírus seja incerta, os governos africanos começaram a implementar políticas e programas" para apoiar a recuperação pós-pandemia, afirmou Hafez Ghanem. O vice-presidente do BM para África Oriental e Austral alerta que o caminho para a recuperação "pode ser longo e acentuado", admitindo que será mais rápido se os governos derem prioridade a políticas que "promovam o crescimento sustentado e aumentem a resistência" e investimentos que "criem empregos melhores, em maior número, e inclusivos".

O BM recomenda uma "ousada agenda de reformas", nomeadamente para criar espaço fiscal, juntamente com políticas para acelerar a criação de emprego, registando que alguns países, como África do Sul, Nigéria e Etiópia, já começaram a implementar as reformas de longo prazo necessárias nos sectores da energia e telecomunicações impulsionadas pela crise actual da Covid-19.

(Leia o artigo integral na edição 596 do Expansão, de sexta-feira, dia 16 de Outubro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)