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"Agricultura é a base de tudo, mas não só do pão vive o homem"

Adelino Caracol em entrevista

Como descreve os 34 anos de existência do grupo? Como uma luta de resistência, de poder perceber a missão que nos cabia e ir conhecendo os caminhos que trilhamos. Estamos a meio de um caminho que é longo, complicado, e todos os dias descobrimos passos para cumprir esta missão.

Lembra-se de algum momento para partilhar?

Em 34 anos, há muitos momentos. O grupo foi criado a 8 de Outubro de 1986. Passados seis anos, um senhor português que visitou a escola Njinga Mbande para abrir uma biblioteca, assistiu ao nosso ensaio e disse: "um dia levo-vos a Portugal". Não ligámos. Noutro dia, recebemos uma comunicação do Festival de Teatro de Expressão Ibérica, dizendo que o Horizonte Njinga Mbande estava convidado para o FTEI desse ano. Não sabíamos quem era o senhor que havia recomendado o nosso convite. Com seis anos de existência e já ter ido a Portugal, para nós, foi um ano inesquecível.

Foi a primeira presença internacional?

Sim. Naquela altura, ir a Portugal era muito difícil. Outro momento foi no FENACULT [Festival Nacional de Cultura], de 1989, ficámos em 3.º lugar nas fases provincial e também na nacional. Normalmente, quem fica em 3.º lugar, acha que pode sair em 1.º, então reclamámos. O Mena Abrantes, que fazia parte do júri, disse-nos: "a vossa peça tinha tudo para ficar em primeiro lugar porque retrataram Njinga Mbande. Mas, no ano em que ela era rainha, a bandeira colonial que vocês usaram na peça não era aquela". Por um detalhe perdemos o prémio.

Como é que o grupo está a viver esta pandemia?

De forma muito complicada. Sinceramente não pensei que conseguíssemos resistir à pandemia. Estamos a falar de uma instituição cultural que é feita de pessoas e, nesta fase, com tantas carências, sem um rendimento. Não contávamos que conseguíssemos gerir esta situação, apesar de ser uma humilhação para um chefe de família esperar sempre dos outros. O Ministério da Cultura era e é obrigado a arranjar qualquer solução para tirar os artistas deste estado de mendigagem. Devia sentar-se com os
artistas ainda que não fosse para dar dinheiro, mas para criar sinergias, senão, não vale a pena existir cultura. Sentimo-nos mais lesados quando alguns artista beneficiam e outros não. Tem de haver uma medida que seja geral.

Os grupos de teatro não receberam qualquer ajuda?

Houve a iniciativa de uma colega, a Solange Feijó, que decidiu fazer uma campanha para angariar donativos e abraçámos a iniciativa.

(Leia a entrevista integral na edição 596 do Expansão, de sexta-feira, dia 16 de Outubro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)