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Eleição de Biden aumenta possibilidades de OMC ser liderada pela primeira vez por um africano

Administração Trump não queria nigeriana a liderar Organização Mundial de Comércio

A eleição do candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden aumenta as possibilidades de a Organização Mundial de Comércio (OMC) ser liderada, pela primeira vez, por um africano.

O representante americano na OMC, indicado pela Administração Trump, rompeu o consenso em torno da ex-ministra das Finanças nigeriana, Ngozi Okonjo-Iwela, impedindo a sua nomeação a 28 de Outubro como 7.º director-geral da organização, num processo de eliminação por etapas até à escolha final, e que será retomado a 9 de Novembro.

Okonjo-Iwela reuniu o consenso de 163 dos 164 Estados-membros da organização, mas os EUA opuseram-se e apoiaram a candidata sul-coreana, Yoo Myung-hee, actual ministra do Comércio, em contramão com os restantes membros. A segunda "cartada" de bloqueio dos EUA na OMC, desde Dezembro de 2019, altura em que Washington bloqueou a nomeação de juízes do órgão de recurso da organização, impedindo que decida sobre litígios comerciais entre países, em plena guerra comercial EUA/China.

"Ela [Ngozi Okonjo-Iwela] teve o maior apoio na ronda final e recebeu o apoio amplo dos membros de todas as zonas geográficas e de todos os níveis de desenvolvimento", afirmou David Walker, representante da Nova Zelândia, e que lidera o processo electivo na OMC, desencadeado a 14 de Maio, após o brasileiro Roberto Azevedo renunciar ao cargo, um anos antes do fim do seu segundo mandato.

A candidata nigeriana foi sempre a preferida do colégio eleitoral, que considerou chegada a hora de a organização ser liderada por um africano, para "dar oportunidade a África no sistema de comércio mundial", como destacou Kingsley Chiedu Moghalu, ex-governador do Banco Central da Nigéria.

Os EUA justificam o veto a Okonjo-Iwela, alegando que a candidata nigeriana "não tem experiência no comércio", porque fez a maior parte da sua carreira no Banco Mundial. Gilberto António, especialista em comércio e investimentos internacionais, considera, no entanto, que a oposição de Washington se deve antes ao facto de a candidata nigeriana ser "ideologicamente multilateralista, próxima da visão de alguns republicanos liberais ou democratas".

Além disso, "os EUA consideram que a China tem uma influência acrescida entre as nações africanas", temendo que esse seja um factor favorável ao gigante asiático na guerra comercial que a Administração Trump trava com Pequim.

"Os EUA preferem a Coreia do Sul, com quem têm relações políticas e económicas sólidas deste o fim da guerra das Coreias em 1953, e com quem têm um Acordo de Livre Comércio (KORUS FTA) que tornou os EUA o segundo maior parceiro comercial deste país", acrescenta o economista, que trabalhou na missão permanente de Angola na OMC, entre 2010 e 2019, como membro da equipa técnica.

(Leia o artigo integral na edição 599 do Expansão, de sexta-feira, dia 6 de Novembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)