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"Nunca tive acesso a dinheiro que não fosse proveniente dos meus salários"

Fragata de Morais

Homenageado pelo Circuito Internacional de Teatro 2020, Fragata de Morais, em entrevista ao Expansão, revela que está contente pelo reconhecimento, lamenta a falta de aposta na promoção do livro e partilha a intenção de adaptar tele-histórias para o teatro, porque "dificilmente irão parar à televisão".

É o homenageado do CIT 2020, com a adaptação ao teatro da sua obra "A visita". O que representa para si?

A homenagem foi bastante concorrida, o que me deixou muito contente. Ela representa o reconhecimento nacional, neste caso através do CIT, do meu trabalho de e para as artes cénicas, seja como dramaturgo, encenador e actor. E do próprio trabalho que desenvolvi em Angola com o meu grupo teatral, o Mestre Tamoda. Pelo aniversário dos 80 anos de Wahanga Xitu, levámos à cena, no Cine Nacional, a adaptação da sua obra "Manana", feita por mim. Isso é parte da minha vida, por um longo período, e só me pode deixar feliz.

Como está a viver esta fase de confinamento?

Tenho estado a viver como a maior parte das pessoas, com as dificuldades que o confinamento nos impõe. Não há nada a fazer, há que observar as regras, segui-las e divulgá-las. Uma pessoa tem de ser um activista social no seu bairro, a todo tempo. É isso que faço, com muito gosto, como contributo para a sociedade em que vivo.

Está a aproveitar para criar ou para descansar?

Tenho, de facto, alguns trabalhos guardados, sobretudo a nível de tele-histórias que fiz há alguns anos e que dificilmente serão levadas à televisão, pelos custos. Creio que vou readaptar estas peças para o teatro.

Teve de alterar planos devido à Covid-19?

Não. Como reformado, a minha vida está estabilizada. Vamos dizer que um dia é igual ao outro, no sentido em que não há muita diversidade no que faço. Dedico-me mais à literatura e à escrita. Aproveito a minha horta, onde vou plantando e colhendo, não só legumes, mas também frutas.

Entre o romance, poesia, o conto e as obras infantis, de qual sente mais falta e vontade de escrever?

Gosto muito e prefiro escrever romances. Também gosto de elaborar antologias, porque dão-nos oportunidade de pesquisar os nomes que as integram e os temas que abordam. Tenho a "Antologia de Artes Dramáticas", que contempla todos os dramaturgos angolanos que consegui encontrar, e a antologia do "Fantástico Angolano", que engloba 40 autores nacionais, cujo fantástico se estende também, vamos dizer, à oralidade e à literatura infanto-juvenil. Foi uma obra que me deu muito prazer escrever, tive de fazer uma pesquisa bastante aturada.

É uma pessoa poupada?

Sim, sou e sempre fui, porque nunca tive acesso a dinheiro que não fosse proveniente dos meus salários. De maneira que não consegui amealhar fortuna, porque, logicamente não iria ao bolso alheio tirar o que não é meu, como, infelizmente, aconteceu no nosso País, onde, a partir da independência, em 1975, não havia herdeiros, talvez um ou dois.

(Leia a entrevista integral na edição 599 do Expansão, de sexta-feira, dia 6 de Novembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)