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África

Tshisekedi rompe com Kabila e ensaia nova maioria parlamentar

RDC: ruptura na coligação de governo faz nascer receio de novo êxodo migratório

O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, rompeu no domingo a aliança com o partido de Joseph Kabila, a Frente Comum para o Congo (FCC), após meses de tensão e depois de esgotar consultas internas e externas para ultrapassar o "bloqueio" na Assembleia Nacional, controlada pelo ex-presidente.

Num discurso no domingo, Tshisekedi anunciou a nomeação de um representante para formar uma nova maioria parlamentar e um novo governo, a que deu o nome de "União Sagrada". Mas a tensão na RDC agudizou os conflitos internos e fez soar os alarmes na região, sobretudo nos países vizinhos, que temem um novo "êxodo" migratório, caso a situação degenere num conflito militar, como refere Orlando Muhongo. O analista angolano de assuntos internacionais não manifesta, contudo, surpresa na ruptura de uma coligação de governo que nasceu em "circunstâncias duvidosas" e que foi cozinhada nos bastidores de umas eleições, que, segundo a Igreja Católica congolesa, terão sido ganhas por Martin Fayulu.

Fayulu, recorde-se, encabeçou uma coligação de partidos da oposição, da qual Félix Tshiseked (filho do histórico líder da União para a Democracia e Progresso Social (UDPS), Etienne Tshisekei) também fez parte, tendo saído em circunstâncias que não foram devidamente esclarecidas, embora circulassem rumores de que teria negociado com Kabila uma aliança de governo.

Sem se pronunciar sobre os desentendimentos com o seu parceiro de aliança, Félix Tshisekedi disse, no seu discurso este domingo, ser hora de "encerrar o Acordo de Coligação FCC-CACH" e conseguir realizar as reformas pretendidas, "ao nível económico, político e de segurança", bem como a "reforma do exército", para a qual pediu o apoio do Governo e das Forças Armadas angolanas, numa visita a Luanda a 17 de Novembro.

"É com esta nova coligação que o governo, que se constituirá o mais rapidamente possível, conduzirá a sua acção durante o resto do quinquénio, de acordo com a minha visão, a fim de atender às aspirações do povo", afirmou o quinto Presidente da RDC, que procura aliados para "se libertar das garras do ex-presidente Joseph Kabila", como sinaliza o investigador Mohamed M. Diatta.

Destituição e ruptura

A ruptura na aliança entre a coligação de partidos liderada por Tshisekedi, o CACH, e a FCC de Kabila tornou-se evidente, em Março, quando o partido do ex-presidente, que controla o parlamento e a maioria dos governos provinciais, destituiu o segundo vice-presidente da mesa, da assembleia nacional indicado pelo partido de Tshisekedi. A destituição foi encarada como uma movimentação de Kabila para se posicionar antes de avançar com a candidatura às eleições gerais de 2023, impedindo assim Tshisekedi de aprovar algumas reformas e de fazer nomeações, ao nível de juízes superiores, que, a concretizarem-se, podiam pôr em causa o seu regresso ao poder.

(Leia o artigo integral na edição 604 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Dezembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)