Instabilidade em São Tomé: Demissões e acusações de insubordinação nas Forças Armadas
O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas são-tomense, Felisberto Maria Segundo, demitiu-se das suas funções, anunciou esta sexta-feira o Conselho Superior de Defesa Nacional (CSDN) em comunicado.
"O Conselho Superior de Defesa Nacional tomou conhecimento da decisão do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o brigadeiro Felisberto Maria Segundo, de colocar o seu cargo à disposição, face aos últimos acontecimentos ocorridos no quartel-general das Forças Armadas", indica o comunicado lido pelo coronel de infantaria João Quaresma Viegas Bexigas.
O Conselho Superior de Defesa Nacional reuniu na quarta-feira convocado pelo Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, para discutir a situação no quartel das Forças Armadas são-tomenses.
Este órgão tomou cinco decisões destinadas a por termo à situação de insubordinação que se verifica actualmente no quartel-general do exército, onde um grupo de seis oficiais está a liderar um movimento reivindicativo de aumento salarial, melhoria das condições nas casernas e atribuição de casas sociais.
O Conselho decidiu pela "transferência imediata do Estado-maior das Forças Armadas para o quartel-general e rever a actual estrutura das forças armadas com vista ao seu redimensionamento de forma a adequá-la às realidades do país".
"A adopção de uma nova grelha salarial com base na proposta apresentada pelo Estado-maior, visando corrigir eventuais discrepâncias existentes no sistema remuneratório vigente", bem como "a melhoria das condições no trabalho" contam-se também entre as decisões tomadas pelo Conselho Superior de Defesa Nacional.
O comunicado do CSDN considera "os factos ocorridos nos dias 10 e 12 deste mês relacionados com a recusa dos militares" de participar na cerimónia de prestação de honras militares ao Presidente da República e comandante supremo das Forças Armadas aquando da sua partida e regresso da República do Congo como "muito grave".
Por isso, o conselho manifestou a sua "grande preocupação", referindo que "o comportamento assumido pelos referidos militares viola a lei e o regulamento de disciplina militar" e "põe em causa os princípios ínsitos na Constituição da República relativamente à preservação da paz, da estabilidade e segurança no país".
Lusa / Expansão