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Inquérito à saúde dos angolanos envolve investimento de 9 milhões USD

Angola

Estudo arrancou no passado dia 19 de Outubro e termina a 20 de Fevereiro de 2016, e incide sobre 106 indicadores. Recolha de dados biométricos, como sangue, garante confidencialidade.

O Governo e parceiros internacionais vão investir cerca de 9 milhões USD na realização do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde de Angola (IIMS), que arrancou no passado dia 19 de Outubro e se prolonga até 20 de Fevereiro de 2016 a nível nacional, anunciou o director-geral do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O processo, explicou Camilo Ceita, em conferência de imprensa, permitirá conhecer a realidade do País em termos de saúde da população e de outros indicadores, como natalidade ou violência doméstica. De acordo com o responsável, o Governo investirá 2,3 milhões USD; a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA (USAID), 4,5 milhões USD; a UNICEF, 2,1 milhões USD, e o Banco Mundial entra com o restante.

O inquérito, explicou, abrange entrevistas a cerca de 16 mil agregados familiares “seleccionados com base na cartografia realizada no ano passado” no Censo Geral e vai recorrer, pela primeira vez, a um novo modelo de recolha de dados biométricos, incluindo de amostras de sangue.

Os dados, acrescentou, serão introduzidos em computadores portáteis. No total, o IIMS vai incidir sobre 106 indicadores ligados à saúde, incluindo reprodutiva, métodos contraceptivos, prevalência de violência doméstica, indicadores sociodemográficos, como qualidade da água, e taxa de natalidade, entre outros.

O estudo, realizado por 28 equipas com quatro elementos cada, vai ainda recolher elementos sobre educação, violência conjugal, sexual, física e psicológica, bem como desemprego e consumo de álcool e tabaco. Camilo Ceita lembrou que Angola tem sido apontada internacionalmente como tendo indicadores sociodemográficos “débeis”– nomeadamente, a mortalidade infantil, infanto-juvenil e materna – , mas sublinhou que é importante as análises não serem feitas de “forma leviana”. Estes indicadores devem ser avaliados “com inquéritos realizados com intervalos de cinco anos”, defendeu.

O último inquérito de indicadores múltiplos realizado em Angola decorreu em 2006, associado ao Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População (IBEP), e, desde então, “não se realizou mais nenhum e não tínhamos como calcular nenhum destes indicadores. A recolha do sangue, garantiu, é confidencial, ou seja, o nome das pessoas não será conhecido, uma vez que o objectivo é apenas realizar um tratamento estatístico da informação.

“O inquérito está a ser feito dentro das normas internacionais e com a Comissão de Ética do Ministério da Saúde”, afirmou. Entretanto, a coordenadora da Comissão Técnica do IIMS, Rosa Moreira, explicou que as crianças menores de cinco anos serão medidas e pesadas, sendo também recolhidas gotas de sangue para a realização de exames à anemia e malária. Nos casos dos homens dos 15 aos 54 anos e das mulheres dos 15 aos 49, também serão recolhidas amostras de sangue para testar o VIH/sida, através de picada no dedo.

“Os técnicos de saúde da equipa de inquérito têm a responsabilidade de recolher dados biométricos e realizar medições antropométricas, como a altura e o peso das crianças, por exemplo”, disse.

“Qualquer um destes indicadores vai ajudar a caracterizar o perfil do País neste domínio”, sublinhou a responsável, acrescentando que os dados vão também “facilitar a definição de intervenções do Governo, com vista a resolver as necessidades das pessoas de forma equitativamente”.

Adelaide de Carvalho, representante do Ministério da Saúde, por seu turno, sublinhou a vantagem deste estudo para se conhecer, por exemplo, a realidade da prevalência de VIH/sida no País. “Só temos dados sobre sida através dos rastreios feitos a mulheres grávidas, que depois são extrapolados para a população em geral geral”, disse.

“Este inquérito vai ajudar-nos a responder e vai dar os dados reais sobre a saúde da população”, acrescentou. Questionado sobre o momento em que serão divulgados os dados do IIMS, Camilo Ceita explicou que tal ocorrerá no “momento oportuno”, mas garantiu que o tratamento dos dados demorará menos tempo do que no caso do Censo Geral.