O que nos reserva 2017
2017 será menos mau do que 2016, ano em que a economia estagnou registando o pior crescimento em 23 anos, mas Angola vai continuar a empobrecer até 2019. A menos que São Petróleo nos salve
Como evoluirá a economia angolana em 2017? Uma forma de anteciparmos o ano económico que agora começou é olharmos para as projecções do produto interno bruto angolano (PIB), que corresponde à soma dos bens e serviços produzidos num País ou a riqueza gerada nesse País. É o indicador económico mais sintético e, por isso mesmo, o mais utilizado pelos economistas.
Em 2017, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Angola deverá produzir bens e serviços a preços correntes no valor de 22,918 biliões Kz, contra 16,078 biliões kz estimados para 2016 um crescimento nominal de 42,2 %. Infelizmente, o PIB dispara não porque a quantidade de bens e serviços produzidos dispara mas porque os preços disparam - segundo o FMI os preços dos bens e serviços que compõem o PIB aumentam 40,5% em 2017 face a 2016.
Para sabermos o crescimento real de Angola, temos de recorrer ao PIB a preços constantes, no caso de 2002. O valor dos bens e serviços produzidos em Angola em 2017 a preços de 2002 será de 1,713 biliões Kz, valor que compara com os 1,688 biliões Kz de 2016, um crescimento real de 1,5%.
Embora positivo, o crescimento real da riqueza produzida em Angola em 1,5% não chega sequer para compensar o aumento da população estimado em 2,7%. Por isso os angolanos vão empobrecer este ano. O PIB por habitante a preços constantes de 2002 baixa de 61.700 mil Kz em 2016 para 60.800 Kz em 2017. É o segundo ano consecutivo de empobrecimento, tendência que se deverá manter durante os próximos dois anos. Só em 2020 o PIB por habitante real voltará a aumentar.
Entre os 190 países que fazem parte da base de dados do FMI, Angola é 156º que menos cresce. Longe vão os tempos em que a nossa economia ostentava uma das taxas de crescimento mais elevadas do mundo.
Resumindo para concluir, 2017 será menos mau do que 2016, ano em que a economia estagnou registando o pior crescimento em 23 anos, mas Angola vai continuar a empobrecer até 2019. A menos que São Petróleo nos salve
As previsões do FMI baseiam-se num preço médio do barril do petróleo de 50,6 USD. A manter-se a tendência das últimas semanas, com o Brent a firme à volta dos 55 USD o barril, é provável que o cenário melhore um pouco.
Nota da Direcção: Para os leitores do Expansão, este ano começa com duas notícias: Uma boa e uma má. Começando pela má, a partir da próxima edição, o preço de capa do Expansão aumentará dos actuais 500 Kz para 700 Kz. Uma subida grande, admitimos, mas ainda assim muito abaixo do aumento dos custos de produção, em particular do papel, que tornaram inevitável esta decisão. E é no papel que também reside a boa notícia: A partir desta edição o Expansão volta a ser impresso em papel salmão, nossa imagem de marca desde a primeira hora.