Economia: Je suis comunicação!
A teoria das expectativas racionais sugere-nos que os agentes económicos tomam decisões baseando-se nas informações disponíveis e nas experiências passadas. A mudança de paradigma que tanto se deseja levar a cabo no sector público angolano, só poderá ser possível se o Executivo souber comunicar as suas intenções e alinhar palavra vs acção.
Tal passa por apresentar medidas de política sustentadas por estudos prévios, bem como por saber comunicar essas medidas a todos quantos possam ser impactados, para que estes possam estar preparados e mitigar os efeitos negativos. Hoje, juntamo-nos àquelas vozes que têm solicitado ao Executivo, muito particularmente à sua equipa económica, que comunique melhor com a sociedade a fim de permitir que os agentes económicos tenham todas as informações na tomada de decisões.
Na edição 466 do Expansão lemos que a Secretaria de Estado para as Finanças e Tesouro indicou que 25% da dívida pública analisada provou-se ser referente a "serviços que não foram prestados" e, como tal, constituíam fraude. Mas, mais do que esclarecer o problema da dívida pública, este dado lança ainda mais confusão, pelo seguinte: (1) não sabemos o status do trabalho de análise em curso e, assim sendo, caso esteja, por exemplo, a 90%, então 25%, apesar de ser um valor considerável, podemos ficar tranquilos que resta apenas analisar 10% pelo que, o resultado não poderia ser pior do que já é. Todavia, se o trabalho de análise ainda estiver a 20% e 25% do que foi analisado é potencialmente fraude, então, como se pode compreender, o problema é muito mais grave.
Quando o Executivo angolano apresentou a decisão, segundo a qual "a actividade económica e produtiva (em Angola) fica reservada agora ao sector empresarial privado" e que ao Estado apenas cabe "limitar-se à promoção do crescimento da economia"(1) solicitamos que nos fosse indicada a razão desta decisão(2), bem como se indicasse o que Estado passaria a fazer de concreto dado o volume de trabalho implícito na expressão "promoção do crescimento da economia".
*Docente e investigador da UAN
(Leia o artigo na integra na edição 474 do Expansão, de sexta-feira 25 de Maio de 2018, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)