Iniciativa privada
Mas esta quase aversão às virtudes da economia de mercado também se nota quando o Governo permite, ou cria condições, para que em muitos sectores da economia se estejam a formar monopólios, que os maiores operadores sejam protegidos face aos pequenos empreendedores, o que causa distorções na economia do País, que, diga-se, tem enormes custos para todos.
Quando se analisa a evolução do PROPRIV há que perceber primeiro se na verdade o Estado quer retirar-se dos sectores estratégicos da actividade produtiva, se está disposto a deixar de ter uma posição que lhe permita controlar os vários sectores da actividade económica, se, objectivamente, acredita na economia de mercado. Se, por um lado, os discursos dizem uma coisa e, na prática, as coisas são muito diferentes.
O Estado está mais gordo, o poder de decisão da economia mais concentrado e grande parte das parcerias público-privadas e as vendas de capital das empresas são apenas consequência da falta de dinheiro que o País hoje tem, e não por convicção ou por se acreditar que os privados podem fazer muito melhor do que a gestão pública. Só isso explica que na privatização na ENSA ou do Standard Bank, o Estado venda apenas uma parte do seu capital, para se manter a influenciar as decisões e a controlar a vida das organizações. Parece que no BFA e na UNITEL também vai ser assim.
Mas esta quase aversão às virtudes da economia de mercado também se nota quando o Governo permite, ou cria condições, para que em muitos sectores da economia se estejam a formar monopólios, que os maiores operadores sejam protegidos face aos pequenos empreendedores, o que causa distorções na economia do País, que, diga-se, tem enormes custos para todos. Mas também já tinha sido assim no passado, embora de forma menos elaborada e mais explícita. Não me parece que seja bom para o País, que o Estado e três ou quatro grupos dominem maioritariamente todos os sectores da actividade económica.
Obviamente que o sucesso do PROPRIV também dependia muito da poupança dos empresários angolanos, da sua capacidade de investir, sendo que para uns não foi possível acumular esses excedentes e, para outros, não dava jeito mostrar essa acumulação de capital.
Neste aspecto, há que acrescentar que para os investidores estrangeiros é sempre fácil, raramente alguém lhes pergunta onde arranjaram o dinheiro, pelo contrário, tem-se muitas vezes uma atitude de subserviência. Já aos angolanos exige-se explicações e criam-se constrangimentos que obrigam a outra estratégia. É aqui que entram as empresas das Ilhas Maurícias ou do Dubai.
Resumindo, ainda há um longo caminho a percorrer para que possamos ter uma economia de mercado e que o Estado e o Governo confiem na iniciativa privada como um todo, e não apenas nos seus amigos ou familiares.
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