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EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

Saber ouvir e explicar

Editorial

Entendo que isto só é possível com quem se sente à vontade nos dossiers principais, que não tem medo de ser questionado, que acredita no diálogo como factor de desenvolvimento, que acha que o tempo passado com os empresários não é tempo perdido.

No rescaldo do Fórum Indústria, a melhor sensação é que é possível que os diversos agentes económicos falem de forma aberta e descomplexada, capazes de ouvir e de dar a sua opinião. Isto foi possível porque o ministro Rui Miguêns mostrou-se disponível para falar com os empresários, o que não é um sinal de fraqueza, como muitos governantes acham, pelo contrário, de maturidade, segurança e de convicção face às políticas em que acredita.

Chegou por volta das 9h00, discreto, sem o show dos seguranças e dos responsáveis do protocolo com que muitas vezes temos de lidar, encontrei-o já no stand da National Destillers a falar com Farid Bouhamara. Fez o seu discurso de abertura sem papéis, explicando que estava ali fundamentalmente para ouvir. Mas não deixou de explicar as decisões do Governo em questões mais sensíveis, como a pauta aduaneira, a limitação das importações, as cadeias de valor, a indexação da nossa economia à moeda estrangeira ou a aposta na agroindústria e indústria têxtil.

Depois sentou-se na primeira fila e ouviu todas as apresentações, pediu para intervir na mesa redonda com os empresários, deu os seus pontos de vista e rebateu os argumentos, e nos momentos de pausa disponibilizou-se para falar com todos os que o abordaram. Reconheceu que algumas coisas não estavam bem, prometeu olhar para as dificuldades que foram apresentadas, e acabou por só sair do Hotel Intercontinental por volta das 14h45. Para os empresários e outros agentes do sector foi uma oportunidade única para falaram directamente com a tutela sobre as suas dificuldades e problemas.

Para o ministro foi também uma oportunidade única para ouvir o que pensam os operadores do sector que dirige ,e fundamentalmente, explicar as suas opções. No final os empresários e gestores das empresas presentes saíram confiantes, havia uma atmosfera muito positiva, combinaram-se encontros, visitas e, certamente, que tudo isto fez muito bem à indústria nacional. As distâncias encurtaram- -se e isso é decisivo para a implementação de projectos.

Na verdade, este é o trabalho de um ministro. Envolver-se, ouvir, explicar. Mas por não ser nada normal, por estarmos habituados a governantes que se escondem deste contacto, discursam e vão à sua vida, cabe dar este destaque ao ministro da Indústria e Comércio, Pedro Miguêns. Também entendo que isto só é possível com quem se sente à vontade nos dossiers principais, que não tem medo de ser questionado, que acredita no diálogo como factor de desenvolvimento, que acha que o tempo passado com os empresários não é tempo perdido.

Esperemos todos que esta postura se estenda a outros ministérios e outras esferas do poder. É fundamental para recuperar a confiança face a quem nos governa.