Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Universidade

Finalistas obrigados a procurar estágios sem ajuda institucional

PROTOCOLO ENTRE AIESPA E GTE PARA FACILITAR INTEGRAÇÃO EM ESTÁGIOS NUNCA SAIU DO PAPEL

O Decreto Presidencial n.º 300/20, de 23 de Novembro, estabelece regras e critérios para a realização de estágios no ensino superior, porém não os torna obrigatórios, o que deixa os estudantes que querem adquirir a componente prática entregues à sua própria sorte.

A procura por um local para estagiar é um dos obstáculos que os estudantes do ensino superior enfrentam para concluir a licenciatura, como constatou o Expansão junto da Faculdade de Economia da Universidade Católica de Angola (UCAN) e a Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Independente de Angola (UNIA). Este não é um problema exclusivo destas duas instituições, é transversal no ensino superior. Apesar disso, o protocolo, assinado em 2021, entre a Associação das Instituições de Ensino Superior Privado Angolano (AIESPA) e o Grupo Técnico Empresarial (GTE), para a realização de estágios profissionais, nunca saiu do papel.

A ausência de um sistema estruturado de estágios nas instituições de ensino superior deixa os alunos desprotegidos, num país onde 80% da economia é informal e onde é escasso o número de empresas face aos candidatos a estágio.

Miguel Joaquim e Ana dos Santos, nomes fictícios de estudantes da UNIA, lamentam o facto de a instituição não ter um programa estruturado de estágios. Lembram que dos três elementos que compõem uma instituição de ensino superior (pesquisa, extensão e ensino) a universidade apenas proporciona o ensino, que é a componente teórica do currículo.

"Após a formação, muitos de nós acabaremos a realizar actividades que não estão relacionadas à área em que nos formamos. Isso acontece devido à ausência da componente prática nos quatro anos de formação e da falta de oportunidades para aplicarmos os conhecimentos adquiridos", afirmou Miguel Joaquim. O jovem notou que muitos colegas estão a concluir o curso já com a preocupação de se inscreverem num curso técnico profissional, na esperança de terem a oportunidade de por as "mãos na massa".

O facto de serem os alunos a ter de procurar estágios, sem ajuda institucional, ressalta a fragilidade de um sistema educacional que deveria ter maior interligação com o mercado de trabalho e as empresas. Isto faz com que muitos licenciados partam para o mercado de trabalho sem prática e com deficiências estruturais na formação.

A falta de parcerias entre universidades e empresas agrava os desafios enfrentados pelos estudantes e compromete o impacto positivo que a educação superior deveria ter no desenvolvimento socioeconómico de Angola, havendo, no entanto, instituições que fogem à regra.

Na Universidade Metodista de Angola, a direção da instituição é, em grande parte, responsável por organizar os estágios dos alunos. Segundo fonte da instituição, essa prática concentra-se, principalmente, no curso de Língua Portuguesa, cujos estudantes realizam estágios na rádio da instituição, a Rádio Kairós, e no curso de Fisioterapia, cujos alunos estagiam na clínica que pertence à universidade. Essa dinâmica também abrange os cursos de Turismo, Análises Clínicas e Engenharia.

O decreto Presidencial n.º 300/20, de 23 de Novembro, estabelece regras e critérios para estágios profissionais, mas não torna obrigatória a realização de estágios. O regulamento visa promover a inserção dos estudantes no mercado de trabalho, mas a obrigatoriedade depende das políticas específicas de cada instituição de ensino superior. Os alunos que não realizem estágio têm de entregar uma monografia, para avaliação de final de curso.

Com o objectivo de promover a inserção de estudantes no mercado de trabalho, por meio de estágios remunerados, a Associação de Instituições de Ensino Superior Privado Angolano (AIESPA) e o Grupo Técnico Empresarial (GTE) assinaram, em 2021, um protocolo, que nunca saiu do papel.

Quatro anos depois da assinatura do acordo, que estabelecia uma ponte entre os estudantes finalistas e as empresas que integram o Grupo Técnico Empresarial, o Expansão tentou obter esclarecimentos junto da direcção da AIESPA e do GTE, para saber se houve alguma evolução, mas não obteve sucesso. O Presidente da AIESPA encaminhou para o vice-presidente da associação e representante da AIESPA no GTE, mas João Basílio não atendeu as várias chamadas feitas até ao fecho da edição.

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo