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Angola

Apenas 1 em cada 5 inscritos vai entrar no ensino médio técnico-profissional

NA CIDADE DE LUANDA

O Expansão fez uma volta por três institutos de ensino médio técnico-profissional de Luanda e concluiu que as vagas disponíveis apenas garantem os estudos a cerca de 21% dos interessados. Ao todo são 2.230 vagas para 10.536 inscritos. Os exames começaram esta semana com muitos protestos.

O Instituto Médio Politécnico Industrial de Luanda (IMPIL) liderou em número de vagas, com 1.200 lugares disponíveis, mas recebeu 6.200 candidaturas, o que representa uma taxa de concorrência superior a cinco candidatos por vaga.

O Instituto Médio Politécnico do Kilamba Kiaxi ofereceu 540 vagas para 2.193 candidatos, enquanto o Instituto Médio de Administração e Gestão do Kilamba Kiaxi disponibilizou 490 vagas para 2.143 inscritos. A expectativa dos estudantes era alta, mas os números revelam uma grande preocupação, apenas 2.230 vagas foram disponibilizadas para um total de 10.536 concorrentes, evidenciando uma diferença muito grande entre a oferta e a procura. Isto numa altura em que uma das grandes lacunas do mercado de trabalho em Angola é a existência de técnicos médios suficientemente habilitados para exercer uma função nas empresas.

Muitos destes estudantes que ficarão de fora das listas de entrada poderão mesmo ter de abandonar os estudos, uma vez que a única saída passa a ser o ensino privado, onde as mensalidades cobradas não estão ao alcance de grande parte das famílias de Luanda. Ou então, candidatar-se a outras escolas públicas para continuarem a sua formação, onde as vagas também são escassas.

A elevada concorrência e o número limitado de vagas geraram frustração entre os estudantes ouvidos pelo Expansão, muitos dos quais apontam críticas ao Ministério da Educação. "Foram poucas vagas disponíveis e são muitos os estudantes que não conseguiram acessar ao portal, razão pela qual não fizeram a candidatura", afirmou um dos candidatos, visivelmente desapontado.

O Ministério da Educação disponibilizou, durante o período de inscrições nas escolas públicas, uma plataforma digital para a inscrição e confirmação de estudantes que ingressam no ensino secundário pela primeira vez, bem como para aqueles que já frequentam a escola pública. A medida tinha como objectivo reduzir as enchentes e as filas à porta das escolas. As inscrições tiveram início no dia 31 de Julho e encerraram no dia 7 de Agosto.

O Expansão conversou com alguns estudantes que pretendiam ingressar no ensino médio, para compreender as dificuldades enfrentadas no acto de candidatura, através do portal digital disponibilizado pelo Instituto Nacional de Formação de Quadros da Educação (INFQE).

Para alguns, a opção de se candidatar pelo portal digital foi positiva, pois evitou gastos emocionais e financeiros, como o stress de passar o dia em filas e, no final, não ser atendido devido a factores como a corrupção. Já outros defenderam que o novo sistema, implementado pela entidade patronal da educação há dois anos, serviu mais para excluir do que incluir pessoas no sistema de ensino. Segundo eles, houve constantes dificuldades técnicas, a internet nem sempre funcionava adequadamente e a sobrecarga virtual impedia o acesso livre ao portal.

Maria António, de 15 anos, residente na Samba e candidata ao curso de Contabilidade, elogiou a iniciativa do Governo de modernizar o processo de candidatura às escolas públicas. Segundo ela, o novo sistema digital permitiu poupar dinheiro com transporte e evitou o desgaste físico e emocional de enfrentar longas filas. "Não tive de gastar tanto com táxi para me inscrever na escola da minha preferência, o IMEL. Nem precisei aturar filas ou discutir com ninguém durante o processo", afirmou a jovem.

Por outro lado, Adriana dos Santos, também candidata ao IMEL, considera o processo digital burocrático e discriminatório. "Passei dias a tentar entrar no portal, sem sucesso. Houve muitas falhas técnicas, principalmente no carregamento da ficha. Eu prefiro o sistema presencial. Mesmo depois de se candidatar pelo portal, ainda é preciso enfrentar uma fila para entregar a ficha que comprova que estás inscrito", disse-nos Adriana, que concorre ao curso de Gestão Empresarial no Instituto Médio de Economia de Luanda.

Neste momento, os candidatos aguardam os resultados dos testes de admissibilidade. No caso do Instituto Médio Politécnico Industrial de Luanda (IMPIL), segundo o sub-director pedagógico, Edson Veigas, as provas são corrigidas e lançadas no mesmo dia da realização do exame. Já nos demais institutos visitados pelo Expansão, não foram avançadas datas exactas para divulgação dos resultados.

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