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Angola

ENDE perde 4 em cada 10 kWh de energia facturada por falta de cobrança

MÉDIA DOS ÚLTIMOS SEIS ANOS

A falta de contadores de energia é a principal causa para a electricidade não cobrada pela empresa. Se considerarmos que cada quilowatt-hora custava, em média, 12,7 Kz, em termos financeiros essas perdas equivalem a mais de 320 mil milhões de Kz em seis anos. Isto antes da actualização do preço médio do kWh.

Entre 2019 e 2024, a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) perdeu, média anual, 4.206 milhões de kWh de energia facturada, que equivale a quase 42% electricidade pronta para ser comercializada durante cada um dos seis anos, calculou Expansão com base nos dados de distribuição e comercialização de energia eléctrica ao consumidor final. As perdas devem-se, principalmente, por causa da falta de mecanismos eficientes para cobrar e controlar o consumo de energia pelos consumidores finais.

A média de electricidade comercializável neste intervalo foi de 10.223 milhões kWh por ano, sendo que em 6.017 milhões kWh foram cobradas as facturas, gerando receitas para a ENDE, e o resto foram assumidas como electricidade não cobrada, que resultaram perdas financeiras significativas para a empresa.

Se considerarmos que cada quilowatt-hora custava, em média, 12,7 Kz, em termos financeiros essas perdas equivalem a 53,4 mil milhões de Kz em cada um dos anos. Contas feitas, em 6 anos, a ENDE terá perdido mais de 320 mil milhões Kz. Isto antes da actualização de 11,5% no preço médio por kWh, efectuada em Maio deste ano pelo Instituto Regulador dos Serviços de Electricidade e Água (IRSEA).

No início do período em análise, o rácio de cobrança efectiva era de apenas 52%, ou seja, apenas metade da energia facturada foi, de facto, cobrada aos clientes. Desde então, tem-se registado uma melhoria gradual na taxa de cobrança.

Em 2024, a previsão da ENDE era de 69% de cobrança de energia face aos 11.886 milhões de kWh facturados (ver gráfico). Entretanto, os resultados efectivos ficaram aquém do que se perspectivava, na medida que os resultados definitivos do I.º semestre (os últimos disponíveis) fixaram-se em apenas 46%, um índice de cobrança muito abaixo do esperado.

Contudo, embora tenha havido uma melhoria progressiva na taxa de cobrança ao longo dos últimos anos, ainda assim os números preocupam todo o sistema eléctrico do País. Isso porque a ENDE é o braço comercial do sector e remunera o transporte de electricidade feito pela Rede Nacional do Transporte (RNT), e também acaba por pagar as contas, indirectamente, à Prodel, que (ainda) é a empresa responsável pela geração de energia eléctrica em Angola.

Logo, a empresa que acumulou um prejuízo de 465 mil milhões Kz (entre 2017-2023), tem dificuldade de cobrar a energia distribuída, visto que na sua carteira de 2,04 milhões de clientes, 61% dos clientes (mais de 1,24 milhões), estão fora do sistema de contagem, constituindo-se assim num dos principais factores para a perda de kWh da energia eléctrica distribuída, como para a crescimento da dívida à empresa pública que já ultrapassa 250 mil milhões Kz. Ou seja, se tivesse recebido toda a energia facturada aos clientes, hoje não tinha qualquer dívida.

Esse número de clientes sem sistema de contagem tem vindo a aumentar a cada ano, com a entrada de novos clientes, representado um desafio enorme à ENDE, já que a ausência de aparelhos de controlo do consumo de electricidade permite desvios, assim como ligações anárquicas na rede, afectando a qualidade de energia distribuída aos clientes, devido à sobrecarga do sistema.

Dos 2,04 milhões de clientes, que incluem consumidores residenciais de baixa tensão, de média e alta tensão, apenas 796 mil possuem contadores de energia com sistema de pré ou pós-pagamento. Segundo fonte do Ministério de Energia e Águas (MINEA) ao Expansão há "necessidade da massificação de contadores de pré-pagamento para melhorar os processos internos e relação com o cliente. Isso vai permitir arrecadar receitas e realizar projectos de expansão da rede de distribuição, que são sucessivamente adiados devido à situação financeira da ENDE".

De modo geral, grande parte da carteira de clientes da ENDE é composta por consumidores de baixa tensão, ou seja, residências, que representam mais de 99,5% do total. Esses clientes apresentam maior dificuldade na cobrança, principalmente por causa da ineficiência operacional da empresa, que dificulta o controlo interno e o rastreamento de grande parte deles, segundo a mesma fonte.

Leia o artigo integral na edição 837 do Expansão, de Sexta-feira, dia 01 de Agosto de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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