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Economia

Preços dos materiais de construção abrandam pelo segundo mês consecutivo

PARA VALOR MAIS BAIXO EM TERMOS HOMÓLOGOS EM 20 MESES

Especialistas estimam que até ao final do ano vamos assistir a uma marcha inflacionista dos preços devido a alguns factores, como por exemplo, a subida do preço dos combustíveis, mas também da água e da luz.

Apesar de os preços dos materiais de construção terem acelerado 1,1% em Junho face aos 0,8% verificados em Maio, em termos homólogos abrandaram para a taxa mais baixa dos últimos 20 meses, apontam dados do Índice de Preços dos Materiais de Construção (IPMC), divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

É necessário recuar até Outubro de 2023, quando o País registou uma variação homóloga de 14,8%, para se encontrar um valor mais baixo do que a taxa registada no mês passado. Se em termos homólogos os preços cresceram, mas a um ritmo inferior como indica o índice, entre os meses de Maio e Junho os preços dos materiais de construção voltaram a acelerar (ver gráfico).

Tal como os preços de diferentes produtos, que têm registado aumentos constantes devido à inflação e às vicissitudes existentes no acesso às divisas para a importação, os materiais de construção também têm sido vítimas da conjuntura económica actual marcada por uma moeda fortemente desvalorizada nos últimos anos e uma continua perda do poder de compra das famílias e das empresas.

As maiores variações homólogas foram registadas nos blocos, com 35,0%, vigas, vigotas e ripas, com 28,3%, tijolo e outros produtos sintéticos, com 22,7% respectivamente. A classe das madeira e contraplacado registou uma variação de 21,1% e a do cimentos e aglomerantes teve um aumento de 20,6%.

Já em termos mensais, os preços dos materiais de construção com maiores variações foram igualmente blocos, com 4,3%, outros produtos sintéticos, com 2,0%, betão pronto, com 1,8%, aço, com 1,3% e tijolo, com 1,1%. Em sentido inverso, as menores variações de preços deram-se em produtos como pedra, brita e mármore, com 0,1%, vigas, vigotas e ripas, com 0,1%, e produtos sintéticos, com 0,3%.

No que concerne ao semestre, o IPMC, que serve para medir a evolução dos preços dos materiais utilizados no sector da construção, aponta que materiais como tubos de aço e blocos, com 23% e 18% cada, foram os que mais subiram nos primeiros seis meses do ano, assim como vigas, vigotas e ripas, com 13%, tijolos, madeira e contraplacado com 12% respectivamente.

Já os materiais que menos tiveram aumento de preços neste primeiro semestre do ano foram os aglomerantes, com apenas 1,4%, diluentes, com 1,5%, pedra britada, mármore e burgau, com 1,7% respectivamente. Especialistas e profissionais da área dos materiais de construção são unânimes em afirmar que os preços tendem a disparar ainda mais até ao final do ano devido a uma combinação de vários factores entre económicos e sociais. Por exemplo, a recente subida do gasóleo para 400kz (e uma eventual nova subida na gasolina) irá influenciar consideravelmente na subida do preço dos materiais de construção cujo mercado carece de fiscalização efectiva.

Luís Salvador, membro da Associação dos Empreiteiros da Construção Civil e Obras Públicas de Angola (AECCOPA), salientou que se adivinha um "futuro sombrio" para o sector dos materiais que servem para a construção, já que a tendência aponta a um crescimento dos preços, adiando ainda mais o sonho da casa própria por causa ao fraco poder de compra que as famílias enfrentam.

A quase ausência de uma indústria dos materiais de construção é outro grande problema apontado por Luís Salvador, na medida em que um tecido industrial robusto nesta área teria um impacto positivo na estabilização dos preços desses produtos no mercado nacional.

A fraca qualidade dos serviços de fiscalização é também apontada como sendo um factor de desestabilização do mercado, em virtude da especulação de preços, muitas vezes sem causa aparente, conforme destaca Luís Salvador, o que dificulta ainda mais a aquisição desses materiais pelas famílias, que perdem todos nos dias poder de compra.

Perante esse cenário, o responsável da AECCOPA refere que a associação defende maiores investimentos na produção nacional, considerando que os bancos devem abrir financiamentos para novos investimentos na indústria dos materiais de construção. Defende ainda a adopção de uma estratégia para a atracção de investidores estrangeiros, a fim de dinamizar o tecido industrial do País, visando o aumento da produção dos materiais de construção.

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