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Angola

Sem impacto da primeira subida do gasóleo, preços caem 8% no informal

NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2025

Apesar da descida do preço do cabaz seleccionado pelo Expansão nos primeiros seis meses do ano, as famílias continuam a apontar para um cenário de grandes dificuldades. Novo aumento do preço do gasóleo, bem como subidas das tarifas dos transportes, da água e da luz não deixam antever nada de positivo para os próximos meses.

Os preços de alguns dos produtos alimentares mais consumidos pelas famílias angolanas e comprados nos mercados informais estão em queda pelo sexto mês consecutivo. No final de junho, este cabaz de 18 produtos seleccionados pelo Expansão caíram 8% face a Dezembro do ano passado. Trata-se do resultado do levantamento de preços que o Expansão começou a fazer há um ano e meio (Dezembro de 2023) nas principais praças e hipermercados da capital do Pais. Já nos mercados formais, os preços mantiveram-se estáveis com uma ligeira variação de apenas 0,4%.

O cabaz do mercado informal consiste em 18 produtos, cujos preços têm sido recolhidos nos mercados informais do Catinton e Asa branca. Já o cabaz do mercado formal contempla 11 produtos, cujos preços têm sido recolhidos nos hipermercados Kero, Candando e Maxi (ver tabelas).

A redução dos preços no mercado informal entre Dezembro e Junho é justificada, segundo o economista Hermenegildo Quexigina, pelo aumento da oferta de produtos no mercado, já que se tratam maioritariamente de produtos provenientes do campo, bem como pela fixação da taxa de câmbio que se verifica, o que reduz a pressão sobre a importação.

Entre os preços que mais caíram destaque para o saco de 25 quilos Uncle Sam, que custava no final de Junho menos 7.400 Kz face a Dezembro de 2024, e a caixa de óleo Fula, cujos preços encolheram 5.500 Kz. Destaque também para os ovos, cujo "cartão" custa actualmente, em média, 4.250 Kz, menos 750 Kz do que em Dezembro. Contas feitas, o cabaz de produtos seleccionados pelo Expansão no mercado informal viu o preço cair 10.750 Kz (-8%) face a Dezembro de 2024 e 2.150 Kz (-2%) face a Junho do ano passado.

No entanto, vale ressaltar que alguns produtos como a batata mantém os preços quase que fixos, isso porque no mercado informal muitas vezes para não subir os preços os comerciantes optam por reduzir as quantidades vendidas para compensar o preço. Ou seja, o preço mantém-se, mas a quantidade diminui.

Por outro lado, dois produtos da lista registaram subidas, e são os casos da caixa de peixe carapau, que voltou a subir 13%, com um aumento de 5.000 Kz face a Dezembro.

Ainda assim, apesar das reduções verificadas nos preços no mercado informal, as famílias continuam a apontar para um cenário de grandes dificuldades na aquisição dos bens de consumo. Durante a ronda do Expansão, por exemplo, vários consumidores ouvidos alegaram observar subidas nos preços e dificuldades para adquirir os bens alimentares, considerando que os preços se mantêm altos e até mesmo fora do seu alcance no caso de alguns produtos, como carne ou leite. O que significa que a realidade não está a "bater" com a expectativa dos consumidores.

E se o primeiro aumento dos preços do gasóleo, em Março, mal se fez sentir no que diz respeito a subida de preços dos produtos do campo, a verdade é que o aumento verificado a 4 de Julho agravou o pessimismo dos consumidores dos mercados informais, que receiam escaladas de preços nos bens alimentares nos próximos tempos.

Preços estabilizam no mercado formal

Já do lado dos supermercados, que vivem maioritariamente de produtos importados, a tendência de subida dos preços abrandou em Junho, quando comparado a Dezembro, isto diante da aparente estabilidade da moeda nacional face ao dólar, que já dura há mais de cinco meses.

O economista Heitor Carvalho, explica que a inflação no ano passado, foi artificial, causada pela decisão do Governo não deixar importar. "Portanto, os produtos tornaram-se mais escassos e os preços subiram. Quando se começou a importar, os preços desaceleraram. É o normal nas economias de mercado. É isto que deve ser feito. Não mexer nos produtos mais importantes para a mesa das famílias. Com isso, é possível manter bem controlada a inflação. Felizmente estão a fazer".

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