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Rácio combinado faz lucros disparar em 72% para 35.308 milhões Kz

NÚMEROS DO SECTOR SEGURADOR EM 2024

Depois de uma quase estagnação dos lucros entre 2022 e 2023, o resultado líquido das seguradoras cresceu 72% para 35.308 milhões Kz o ano passado, cem comparação com 20.498 milhões Kz de 2023, de acordo com os cálculos do Expansão tendo como base os relatórios e contas das seguradoras.

Este resultado dos lucros do mercado deve-se essencialmente à diminuição do rácio combinado que é constituído pela taxa de sinistralidade, que é a despesa operacional das seguradoras, comissionamento, que está associado à distribuição, porque ela paga comissões aos mediadores, e com custos de estruturas, que são os custos administrativos.

Por exemplo, se olharmos para o rácio combinado das quatro maiores seguradoras em vendas, nomeadamente, a ENSA, Nossa, Mundial e Viva seguros, vamos perceber que o nível de rácio combinado atingiu 67% que compara com 83% registado em 2023, ou seja, uma redução de 16%. Apesar deste crescimento, o valor global dos lucros das seguradoras instaladas em Angola não chega aos 39 milhões USD, o que é um valor ainda muito baixo face ao potencial do mercado e ao número de cidadãos e empresas que existem no País.

Os prémios brutos emitidos pelo mercado registaram um crescimento de 24,7% para 473.729 milhões Kz, um crescimento abaixo da inflação que fechou o ano com um valor de 27%, o que na prática significa um crescimento real negativo. Mas indemnizações "estagnaram" em 161.390 milhões Kz e estes dois fenómenos combinados contribuíram para o aumento dos lucros das seguradoras.

A rentabilidade, vendas totais a dividir pelos resultados líquidos, registou um aumento para 7,5%, tendo um crescimento de 2,1 p.p. face aos 5,4% atingidos em 2023. Apesar de continuar a ser um número abaixo do desejado, os operadores acreditam que este resultado é fruto dos investimentos e da competitividade que vai crescendo no mercado.

"Em termos percentuais, é uma variação ainda muito aquém da expectativa, porque quem abre uma seguradora espera ter um rendimento maior, mas entende-se o contexto das alterações regulamentares que tem obrigado as seguradoras a fazerem um grande investimento, que não é só a nível tecnológico, a nível dos quadros, mas também em outras áreas", explica Estevão Bandi, responsável pela gestão de risco da Prudencial Seguros.

Entende ainda que uma maior competitividade do mercado também tem exigido às seguradoras serem um pouco mais agressivas do ponto de vista da angariação de clientes, independentemente dos custos que possam acarretar. Hoje sabe-se que um novo tomador de seguros tem o potencial de contratar mais produtos, e a sua entrada no sistema com a posterior fidelização à seguradora, é um factor muito importante para o crescimento das empresas.

Para o jurista Pedro Pinto, quanto maior for o rácio combinado, menor é o resultado líquido do exercício, e o contrário também é verdadeiro. "Ou seja, as seguradoras tiveram menos custos com os sinistros, e se os sinistros diminuírem de forma bruta e as receitas aumentarem, quer dizer que os lucros também vão ter que aumentar, naturalmente. Então essa rentabilidade de 7% justifica-se por duas razões: pela redução do rácio combinado e pelo aumento dos prémios".

Apesar da comparação com a inflação ser legítima, a verdade é que os preços dos seguros não cresceram 27% devido a questões de concorrência e de poder aquisitivo dos angolanos, pelo que o aumento de 24,2% das vendas representam também o aumento do número de seguros vendidos em Angola.

O facto é que as vendas continuam a aumentar abaixo do valor da inflação, é também resultado da taxa de penetração, que continua abaixo de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), quando a média na região da SADC é de 3%. Neste particular, os seguros obrigatórios podem ter um papel importante da projecção do sector, uma vez que o cumprimento das disposições legais por via do reforço dos serviços de fiscalização, vai fazer crescer o mercado de forma natural.

Importante também referir que a constituição de uma resseguradora nacional, que deverá estar em funcionamento no final do ano, também vai ajudar a reter no País um maior volume de prémios, o que depois se irá reflectir na dimensão do mercado angolano. As seguradoras envolvidas, apesar de terem uma limitada capacidade de investimento, procuram nesta altura um parceiro internacional que possa catapultar este projecto.

Outro factor que ajudará a consolidar o mercado em todo o território, é o desenvolvimento do trabalho dos mediadores, não apenas pelo impacto que podem ter na venda dos seguros, mas fundamentalmente pela divulgação do conceito de seguro numa população que tem uma baixa literacia neste sector.

Leia o artigo integral na edição 838 do Expansão, de Sexta-feira, dia 09 de Agosto de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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