O mercado das acções, onde apenas se encontram os bancos BAI e o Caixa Angola (BCG), a seguradora ENSA e a BODIVA, movimentaram entre Janeiro e Junho, 2,2 mil milhões Kz, representando apenas 0,1% do volume de negociações na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA).

E a culpa é do baixíssimo número de investidores nacionais na bolsa de valores, da ausência dos grandes investidores institucionais estrangeiros, mas também do baixo grau de educação e literacia financeira que não permitem ao mercado de bolsa de acções crescer de forma mais acelerada.

Ainda assim, as negociações do mercado de acções cresceram 73%, ao passarem de 1,3 mil milhões no primeiro trimestre do ano passado para os 2,2 mil milhões Kz (+930 milhões Kz). O aumento das negociações no mercado de acções deve- se, sobretudo, à entrada em bolsa de duas empresas, nomeadamente, a ENSA e a BODIVA, em Setembro e Dezembro do ano passado, respectivamente, o que elevou o volume de negociações neste segmento de mercado, quando no primeiro semestre de 2024, por exemplo, só havia duas empresas cotadas (o BAI e o BCGA).

As acções são consideradas dos instrumentos rentáveis do mercado de capitais. Um dos factos que confirma a qualidade do investimento em acções tem a ver com a forma como o valor das cotações evoluiu, tendo em conta também que as empresas cotadas têm estado a distribuir dividendos. Apesar de algumas descidas pontuais, existe um claro caminho para a sua valorização, sustentado pela análise dos preços das acções.

Em entrevista ao Expansão, em Março do ano passado, o ex- -CEO da BODIVA, Salter Pacheco, argumentou que no País existem "300 empresas em Angola que estão teoricamente preparadas para entrar em bolsa", já que por obrigação legal, pelo menos, anualmente estas empresas devem ter as contas auditivas e isso obriga-as a apresentar relatórios de gestão e um conjunto de elementos para uma organização interna que dirime todas essas preocupações que o mercado de capital tem. O facto é que apenas 4 empresas têm o seu capital em bolsa, todas por iniciativa do Estado através do PROPRIV.

Acções do BAI atingem o pico de 90 mil Kz

As acções do BAI foram as que mais valorizaram, ao registarem um crescimento de 59% para 89.000 Kz, face aos 55.989 do fim de Dezembro (+33.011 Kz). As acções do BAI também atingiram o valor mais alto por acções desde que há registos na BODIVA ao atingirem os 90.000 Kz por acção negociadas no dia 20 de Junho.

Já as acções do Caixa Angola (BCGA) subiram 29%, ao passarem de 12.700 em Dezembro para 16.354 Kz (+ 3.654 ). A ENSA viu as suas acções crescerem 12% para 21.350 Kz face aos 19.000 registados no final de Dezembro do ano passado. Quanto à BODIVA, viu as acções caírem 2% para 23.000 Kz quando em Dezembro estavam cotadas a 23.500 K, menos 500 Kz.

Ainda assim, as acções não são os parentes mais pobres do mercado. As obrigações privadas (OP) representam 0,04% das negociações da BODIVA ao passa que Unidades de Participação dos fundos de investimento só valem 0,01%.