Num contexto global em constante transformação, a formação e o desenvolvimento de competências emergem como pilares fundamentais para a competitividade das organizações e o crescimento sustentável das economias. Em Angola, onde os desafios estruturais se cruzam com oportunidades de modernização, investir em capital humano é mais do que uma necessidade: é uma urgência estratégica.

Segundo o mais recente Global CEO Survey da PwC, 69% dos líderes empresariais em Angola identificam a falta de competências como um dos principais entraves à criação de valor. Esta percentagem supera a média africana e global, refletindo a urgência de reforçar as qualificações da força de trabalho. O mesmo estudo revela que quase 40% dos CEOs acreditam que as suas empresas não serão viáveis além da próxima década se não se reinventarem. E para que essa reinvenção ocorra, a formação precisa de incidir desde logo a partir da gestão de topo.

A PwC"s Academy, presente em Angola de forma estruturada há mais de uma década, tem vindo a desenvolver programas de formação com impacto mensurável, alinhados com as necessidades do mercado e com os objetivos estratégicos das organizações. Um exemplo paradigmático é o projeto de transformação digital do Banco Nacional de Angola (BNA), onde mais de 300 processos de negócio foram migrados para SAP sem interrupção operacional. Este projeto, apoiado por ações de formação estruturadas, resultou num aumento expressivo da produtividade eliminando, por exemplo, redundâncias de dados e reduzindo o tempo necessário para a realização de determinadas tarefas. Acresce referir que a PwC"s Academy é o parceiro SAP Education em África.

Estima-se que até 2030, mais de 230 milhões de empregos digitais sejam criados em África, e que 650 milhões de pessoas necessitem de formação em literacia digital. Em Angola, apesar dos progressos registados no African Governance Index, persistem desafios: apenas 36% da produtividade potencial de uma criança nascida hoje será atingida, caso não tenha acesso pleno à educação. A taxa de escolarização no ensino técnico-profissional é de apenas 9,7%, e um em cada quatro jovens não estuda nem trabalha.

Neste cenário, a formação profissional assume-se como catalisadora de transformação. Tão catalisadora que diferentes inquéritos já demonstram uma larga percentagem dos executivos a posicionar a função de formação e desenvolvimento das organizações como um parceiro estratégico crítico para o negócio. Estes profissionais, dotados da capacidade de construir programas alinhados com as necessidades prioritárias, não só capacitam os colaboradores, como também contribuem para a retenção de talento, antecipação de tendências e alinhamento com os objetivos de negócio.

A economia digital, por sua vez, representa uma oportunidade sem precedentes. Com uma previsão de crescimento de 5,2% para 8,5% do PIB africano até 2050, a digitalização exige competências novas e actualizadas. Em Angola, o investimento em soluções cloud e software de gestão deverá duplicar até 2029, impulsionado pela transformação digital e pela necessidade de decisões orientadas por dados.

A formação, portanto, não é um custo, é um investimento com retorno comprovado. É a estratégia para não deixar ninguém para trás e construir uma força de trabalho mais qualificada, resiliente e preparada para os desafios do futuro. É também através dela que se promove a inclusão, se combate o desemprego jovem e se cria valor económico e social.

E sabemos cada vez mais da importância de trabalhar a atitude das pessoas: se conseguirmos imprimir uma mentalidade de crescimento e gosto pela aprendizagem, essa será a base para que a inovação e adoção de novas práticas pelos colaboradores se materialize.

Angola tem talento, tem ambição, tem potencial e constitui uma missão urgente contribuir para criar condições para que esse potencial se concretize. A aposta na capacitação tem um retorno garantido, pelo que urge estabelecer um compromisso firme com a formação e o desenvolvimento.

*CATARINA JOÃO MORGADO, PwC"s Academy Director