"Não temos data para mudar as operações para o novo aeroporto"
O responsável máximo da Emirates em Angola confirmou que a mudança para o AIAAN depende do processo de formação e certificação das empresas de handling. Também não há acordo para as companhias estrangeiras mudarem ao mesmo tempo.
Comecemos por olhar para o negócio na sua globalidade. A indústria da aviação já recuperou depois da Covid-19?
Em Angola, não! Estamos a cerca de 11% do que fazíamos em 2019.
E em termos globais?
Em termos globais a maioria dos países já recuperou.
E em termos da Emirates. Já conseguem ter os números do pré-Covid?
Sim! Aliás, esses números foram já, de certa forma, ultrapassados. E isso nota-se pela necessidade de introduzirmos novas rotas, como fizemos agora em relação à mais recente, Shenzhen, na China. Acrescentámos também a rota para Da Nang no Vietname, Siem Reap no Camboja, e vamos agora no final do mês abrir uma nova rota para Anxingzhen, na China.
E o que é representa África neste contexto da aviação civil?
África é um continente por explorar. Apesar de representar apenas cerca de 3% do tráfego mundial, não deixa de ser importante na estratégia de desenvolvimento da Emirates. Não nos podemos esquecer que África tem uma das populações mais jovens do mundo. Portanto, as capacidades de explosão da economia são muito grandes.
Existe a ideia que antes da pandemia a Emirates estava muito empenhada em desenvolver a sua operação em Angola, mas depois isso esfriou.
Não, não é o correcto. Nós temos de nos adaptar às circunstâncias. Olhamos para o mercado. No caso específico de Angola, 2014 foi o grande ano em termos de transporte aéreo. E foi exactamente o ano onde tivemos a queda brusca do preço de petróleo e isso teve um impacto muito grande no tráfego de passageiros internacional. Vamos falar só de tráfego internacional. Para ter uma ideia, para Angola, o tráfego internacional, comparativamente a 2024, está a menos de 53% do que foi em 2014. Falamos de número de passageiros. Nós temos de nos adaptar.
Quantas frequências tem a Emirates para Luanda nesta altura?
Cinco frequências. Só não operamos à quarta-feira e à sexta- -feira. Mas nós continuamos o nosso trabalho. Fruto disso é termos levado em 2024, pela primeira vez, ao Arabian Travel Market, que é a maior feira de turismo do Médio Oriente, oito operadores turísticos e agências de viagens angolanos com especialidade no turismo inbound, a maior delegação africana esse ano. Agora em 2025 levámos três, mas demonstra o nosso compromisso em colaborarmos com o governo angolano para atrair mais turistas.
Qual é a taxa média de ocupação dos aviões Dubai-Luanda-Dubai?
Andamos à volta dos 65%. São taxas que baixaram muito, e temos de entender que o tráfego baixou significativamente. E, obviamente, temos de trabalhar nisso, temos de continuar a desenvolver formas para aumentar o número de passageiros.
Hoje já há muitos angolanos a viajar para o Dubai. É um destino que se está a tornar popular?
Sentimos que há um potencial pelo destino Dubai e o tráfego está a aumentar. Convém não esquecer que nós não transportamos só os angolanos, temos sempre uma variedade de pessoas de diferentes nacionalidades que vêm a Angola pela primeira vez, e que depois querem ir ao Dubai e a outros pontos. Temos uma coisa muito interessante que é o turismo repetitivo, que são as pessoas que querem voltar ao Dubai. Há sempre qualquer coisa nova para se descobrir.
Fundamentalmente, o tráfego de Luanda é para ficar no Dubai ou é para seguir para a Ásia?
Direi que entre 65% a 70% é tráfego em trânsito. Por volta de 30% fica no Dubai. Mas convém não esquecer uma coisa muito importante. O Dubai tem uma coisa que nós antes chamávamos de Dubai Stopovers, agora é o Dubai Experience. Qualquer passageiro que vai em trânsito pelo Dubai, pode sempre ficar um dia, dois, três dias. Pode sempre optar por isso. Temos muito tráfego de pessoas que vão de férias a casa ou que vão em serviço, e que na ida ou no regresso querem passar uns dias no Dubai.
O destino com mais procura a partir de Luanda é Lisboa. Porque é que uma viagem via Dubai para Lisboa com a Emirates é mais barata que um voo directo Luanda-Lisboa pela duas companhias que o fazem? Que milagre é este?
Não é milagre, são os custos operacionais que nós temos. Para ter noção, nós temos a partir do Dubai dois voos diários para Lisboa. Os custos operacionais, mesmo em Lisboa, são muito mais baixos do que os nossos aqui.
É então uma questão de custos operacionais...
Sim! E são técnicas que temos para alimentar também os nossos voos a partir de Dubai. É assim que funciona um hub. Na verdade, a questão das taxas aeroportuárias é fundamental.
Quais são as grandes apostas da Emirates em termos de crescimento em Angola? São as rotas? São os passageiros em trânsito?
Nós queremos fazer um mix de várias coisas. Queremos apostar em futuros code shares aqui em Angola. Obviamente estamos muito atentos ao aumento das rotas intra-africanas a partir de Luanda. Estamos muito atentos também, não só em termos de passageiros, mas em termos de carga. Estamos atentos sempre a todo o tráfego que venha de fora e que queira vir para Luanda, para as nossas províncias ou para voos regionais. Essa é uma opção que nós temos e é uma das formas, por exemplo, para atrair também e aumentar, de certa forma, o turismo no Dubai.
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