Angola: Moeda em Estado de Alerta! Exegese Estratégica da Taxa de Câmbio (2002–2024)
A taxa de câmbio em Angola não é cifra, é código. Cada oscilação é um sinal. Cada desvalorização, um pedido de socorro. Cada valorização, uma proclamação de esperança. O campo cambial é a trincheira invisível onde se decidem batalhas que o povo não vê, mas sente. O Kwanza tem sido cavalo e armadura, bandeira e ferida. Em nome dele se travaram duelos silenciosos, jogados com as armas da expectativa, da dívida, da diplomacia monetária.
"Na guerra, é de suma importância suprema atacar a estratégia do inimigo". Sun Tzu, A Arte da Guerra
Entre os véus ondulantes da macroeconomia, onde cada cifra murmura decretos de poder e fraqueza, ergue-se em Angola uma guerra muda: a batalha da taxa de câmbio. De 2002 a 2024, não se trata de uma mera cronologia financeira, mas de um tratado de sobrevivência soberana. Como um xadrez de sombras, onde cada lance cambial representa mais do que valor - representa estratégia, política, orgulho nacional. O Kwanza, como estandarte da alma económica, foi açoitado por tormentas exógenas, traições internas e hesitações doutrinárias.
I. A Cartografia da Estratégia - Definição de Frentes de Combate
"Três quartos dos homens só se ocupam das coisas necessárias quando sentem necessidade, mas, justamente, então já é tarde." Napoleão Bonaparte, Correspondência Militar
No campo de batalha cambial, quatro sentinelas determinam a geografia da guerra:
EUR/AOA: o duelo entre o escudo angolano e o velho continente. Cada elevação denuncia uma brecha na muralha do Kwanza.
USD/AOA: o confronto com o império do dólar; cada desvalorização ecoa como rendição nas câmaras da dívida.
ITCE Nominal: o retrato desfigurado do valor externo da moeda. Um declínio é sinal de desordem na retaguarda monetária.
ITCE Real: a arena da competitividade - onde se mede o vigor de exportar ou a vulnerabilidade de importar.
II. A Campanha Cambial - 2016 a 2024: O Cerco e a Resistência
"Na guerra não se trata de vencer pela força, mas de vencer pela estratégia." Sun Tzu
EUR/AOA: A Colina dos Lamentos n 2016-2017: Estabilidade fingida - o câmbio resguardo a 187,4, como castelo fortificado por arqueiros invisíveis.
<em><strong>2018-2020: </strong></em>Ruína e retirada - o Kwanza afunda até 748,0, sob fogo cruzado de choques e liberalização. <em><strong>2021-2022:</strong></em> Recuperação estratégica - subida até 486,5, quando os ventos dos termos de troca sopram a favor.<em><strong>2024:</strong></em> Nova emboscada - a moeda volta a ceder, tombando para 746,6. O inimigo regressa pelas brechas não seladas. USD/AOA: A Muralha do Dólar<em><strong>2016-2017:</strong></em> Calmaria antes da tempestade - ancorado em 165,9, na ilusão de paz.<em><strong>2018-2020:</strong></em> Retirada programada - escalada até 631,4, qual evacuação ordenada diante de fogo cerrado.<em><strong>2021-2022: </strong></em>Ofensiva relâmpago - descida até 460,6, numa tentativa de reconquista.<em><strong>2024:</strong></em> Emboscada final - nova escalada para 686,6, revelando vulnerabilidades da retaguarda.III. ITCE Nominal - As Marés do Valor Externo
"Quanto menos se prevê uma coisa... mais ela assusta." Xenofonte
2008-2012: Marchas de reconhecimento - oscilações suaves de um exército a testar as defesas do adversário.2016-2017: Prelúdio da queda - retracção de -5,7%, prelúdio do colapso.2018-2021: Ruptura aberta - perdas severas entre -43,8% e -13,1%, sinal de desordem estratégica.2022: Contra-ofensiva gloriosa - avanço de +47,3%, tentativa de retomada do terreno perdido.2024: Derrocada retaliatória - recuo de -28,2%, o mercado responde com aríetes invisíveis.Leia o artigo integral na edição 832 do Expansão, de Sexta-feira, dia 27 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)