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Opinião

Inverdades

EDITORIAL

A lógica é muitas vezes a do "amiguismo" e não a do mérito. Isto distorce as regras de uma concorrência que deve ser salutar e transparente, para se falar de uma economia de mercado.

As duas maiores inverdades, mentiras mesmo, da nossa economia e que são sistematicamente repetidas são: "somos uma economia de mercado" e o "processo de diversificação económica é um sucesso". Ambas andam juntas, porque sem resolver primeiro a primeira, não se pode cumprir a segunda. E não é repetindo muitas vezes estas frases que elas passam a ser verdade, porque e a dureza dos números e a realidade das coisas não deixam.

O Estado continua a ter um peso excessivo, determinante mesmo, no nosso desenvolvimento económico, não apenas pela dimensão dos operadores que tem em todos os sectores, que infelizmente não tem diminuído, mas também porque interfere diariamente em todos os aspectos da vida empresarial privada. Define o crescimento das empresas desde o início, desde a constituição, com a enorme burocracia que coloca à frente dos empreendedores, escolhendo depois a quem dá as facilidades para que possam seguir em frente.

A forma como dá incentivos e benefícios fiscais a uns e nega a outros, como escolhe quem contrata com adjudicações directas, como permite um funcionamento tranquilo ou complica a vida desta ou daquela empresa, como paga a uns e não a outros, são tudo factores que fazem com que surjam monopólios assentes em estruturas de amigos, familiares ou simplesmente "alinhados". E a lógica é, muitas vezes, a do "amiguismo" e não a do mérito. Isto distorce as regras de uma concorrência que devia ser salutar e transparente, para que se pudesse falar de uma economia de mercado.

A isto junta a presença em quase todos os sectores da economia com empresas que beneficiam de protecção e que acabam por afastar os privados indesejados, sendo que os que ficam acabam por se alinhar a esta economia centralizada, cujas regras são ditadas de cima com uma legislação que facilita este processo de depuração. Penso que é por medo ou por cultura de "nós é que somos os donos", mas isto na verdade não contribui para o desenvolvimento económico. Sem esta presença excessiva e asfixiante do Estado, a nossa economia poderia crescer a dois dígitos e haver uma distribuição mais equilibrada da riqueza.

buição mais equilibrada da riqueza. Sobre a diversificação económica, é verdade que já existem alguns projectos de produção nacional interessantes, mas ainda estão muito longe do que eram, por exemplo, os objectivos do PRODESI. E não crescem ao mesmo ritmo que vamos perdendo as receitas do petróleo. Podia ser tudo diferente, mas não é. Alguns sectores vão crescendo, mas sinceramente, muito abaixo do potencial que existe. Porquê? Porquê?

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