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Angola

Proibição dos "pacotinhos" origina produção clandestina e suspensão dos trabalhadores

DEPOIS DA ENTRADA EM VIGOR DO DECRETO EXECUTIVO Nº13/24

O Expansão confirmou que algumas fábricas em Luanda continuam a produzir e a colocar os pacotinhos no mercado de forma ilegal, sendo que as empresas organizadas suspenderam os trabalhadores, sem vencimento, enquanto esperam por uma nova alteração da lei.

Depois do dia 12 de Março, data em que entrou em vigor a lei que proíbe a produção, importação e comercialização de bebidas espirituosas acondicionadas em pacotes de plástico (os famosos "pacotinhos"), algumas empresas começaram a produzir estas bebidas de forma clandestina. Alguns trabalhadores queixam-se também dos despedimentos.

A maior parte das unidades estão localizadas no município de Viana, constatou o Expansão durante uma visita efectuada a oito fábricas de bebidas espirituosas.

É o caso da empresa Unique Beverages, localizada no município de Cacuaco, responsável pela produção das marcas Indica e Bangaço, a BNR localizada no bairro Sabadão, responsável pela produção da marca A1 Whisky, a Faive, localizada em Viana, que produz as marcas Energy, Coco Vodka, Palanca, Água do Chefe, entre outras, a Watershed, localizada no Benfica, município de Talatona, que tem a marca Superjimmyenergy e a United Global, localizada no Pólo Industrial de Viana, responsável pelas marcas Score Gin, While Bull, Black Zack Whisky.

"Trabalhamos à noite e descansamos de dia porque os responsáveis da empresa assim decidiram. Mas depois de alguns dias, mesmo sem nos informarem, apercebemo-nos que tomaram esta decisão porque proibiram a produção e comercialização deste produto", avançou ao Expansão um trabalhador da empresa Faive, que preferiu o anonimato.

É por causa destas empresas, que continuam a fabricar "pacotinhos" de forma clandestina, que o produto ainda continua aparecer à venda nas ruas e no interior dos bairros de Luanda. No centro da cidade, por exemplo, os vendedores escondem o produto e optam pela venda noutro formato, onde o cliente diz a marca que precisa e aguarda que o negociante vá buscar onde escondeu. Geralmente em becos, casas de seguranças, ou às vezes mesmo numa caixa, cadeira ou lata onde fica sentado.

Os preços variam de 150 a 250 Kz por "pacotinho". "Está caro porque nas lojas os preços ficaram muito altos", relatava um jovem que se identificou apenas como Pajó, retalhista deste tipo de bebida há mais de quatro anos nas ruas do São Paulo, em Luanda.

Nos armazéns do Golf 2, a caixa de Score Gin, que antes da proibição custava 8.400 Kz, actualmente está no valor de 13 mil Kz. Já as caixas de Palanca e Água do Chefe, que antes custavam 9.500 Kz agora custam 20.200 Kz, sendo que o Best Whisky, que antes custava 22 mil Kz agora custa 40 mil Kz.

Despedimento de trabalhadores

As indústrias também estão a despedir ou a suspender temporariamente trabalhadores sem salário. As empresas justificam a medida pelo facto de terem paralisado a produção desde o mês de Março, na sequência da proibição. A medida foi justificada pela importância de preservar a saúde pública, o ambiente e o ordenamento do território, segundo consta no Decreto Executivo nº13/24, publicado em Janeiro deste ano.

Os industriais do sector, ouvidos pelo Expansão, dizem que não têm condições de manter os trabalhadores, uma vez que não há produção e nesta condição também não há facturação que permita pagar os ordenados dos seus funcionários.

Este é o caso da empresa National Distillers, por sinal a maior e mais antiga no mercado angolano na produção de bebidas espirituosas, responsável pelas marcas Best Whisky, Best Marula e Best Ginger, que teve de suspender temporariamente 190 trabalhadores durante um período de três meses, sem remuneração.

Leia o artigo integral na edição 772 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)