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Opinião

Covid-19

Editorial

O coordenador da Comissão Interministerial de Combate à Covid-19 confirmou na quarta-feira que os centros de tratamento de Calumbo, I e II, têm todas as condições, que não é verdade o que se diz e o que aparece nas redes sociais, e mais do que isso, recomendam-se, segundo palavras suas. Eu sabia que não podia ser de outra maneira, até porque já tinha feito contas.

Uma semana antes o mesmo Pedro Sebastião tinha-nos dito que cada cidadão em quarentena custa aos cofres do Estado 50.000 kz por dia, o que significa 1,5 milhões de kz/mês, e que tendo em conta, por exemplo Calumbo I, que tem capacidade para 120 cidadãos, pode concluir-se que mensalmente o centro gasta 180 milhões de kwanzas. E como somos todos de boas contas, ninguém acredita que possa haver desperdícios na utilização dos recursos, este valor dá perfeitamente para pagar aos médicos e técnicos auxiliares, ter uma alimentação farta e saudável e ainda manter a higiene nas zonas comuns, como as casas de banho. E até dá para melhorar as sobremesas e garantir o pacote premium da TV Cabo. Por isso, está tudo bem e tudo o resto são apenas "boatos".

Temos o número de infecções mais baixo dos países da CPLP, dos mais baixos da região, tudo isto devido ao grande trabalho que estamos, leia-se o governo, está a fazer. Mas também temos a mais alta taxa de mortalidade da SADC e uma das mais altas do continente. Mas aí a culpa é do cidadão, que não se cuida, que tem outras patologias descompensadas, que chega tarde aos hospitais, porque nós estamos a cumprir todos os protocolos da OMS, garantem os responsáveis. Apenas num momento, e apenas a ministra da Saúde, admitiu existir alguma preocupação. Mas mudou rapidamente de direcção no seu discurso.

Mas também ficámos a saber que a quarentena institucional para os positivos e casos suspeitos é obrigatória, a população não sabe comportar-se e não pode ficar por sua responsabilidade. Mas há alguns casos especiais, poucos, muitos poucos como explicou Pedro Sebastião. Uma faixa muito curta de cidadãos que sabe comportar-se, que nós podemos confiar que vão cumprir todas as regras, e que podem ficar no conforto do seu lar pois não representam qualquer perigo. São urbanos e educados.

Agora o desafio é cortar a contaminação comunitária. E neste aspecto, temos todos que nos proteger. Os que podem ir para Calumbo, os que já marcaram quarto nos hotéis de cinco estrelas, e mesmo os poucos, muito poucos, que vão poder ficar em casa. Por isso a recomendação é que use máscara, não participe em ajuntamentos sociais, lave as mãos com regularidade, e tenha uma postura séria e responsável. Certamente já percebeu que depende mais de si do que dos que estão à sua volta para se manter saudável.