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Opinião

A crise não é mundial, é angolana. Por isso, temos de mudar

Opinião

A economia angolana deverá crescer apenas 1,4% ao ano entre 2017 e 2021, em vez dos 2,7% previstos anteriormente. A má notícia foi dada esta semana pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que, nas chamadas projeccões de Primavera, reafirmou o que já havia dito no relatório sobre as conclusões do artigo IV, divulgado em Janeiro.

A confirmarem-se estas previsões, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) angolano será inferior ao aumento da população, estimado em cerca de 3% ao ano. Como o aumento anual da riqueza não chegará sequer a metade do da população, os angolanos vão empobrecer até 2021.

E não me venham com a história, como pretende fazer crer o discurso oficial, de que a crise é mundial.

Angola vai crescer abaixo do Mundo e da África subsaariana em todos os anos do período das projecções . Entre 2017 e 20121, o Mundo vai crescer à taxa média anual de 3,6% e a África Subsaariana 3,4%, mais de duas vezes os referidos 1,4% de Angola.

Bem sei que estamos a falar de previsões e que estas são mais do que falíveis. Afinal os economistas são muito melhores a olhar para o espelho retrovisor, isto é a explicar o passado, do que a prever o futuro.

Por isso, as previsões do FMI, como todas, aliás, devem ser analisadas com cuidado, em especial para o médio prazo, no caso de 2019 em diante.

O que não quer dizer que devam ser ignoradas. Pelo contrário. As previsões do FMI são feitas no pressuposto de que as políticas económicas nacionais se mantêm constantes ao longo do horizonte das projecções.

O corte para pouco mais de metade nas projeccões de crescimento do FMI quer dizer que a instituição sedeada em Washington não confia nas actuais políticas do Governo.

Eu também não. Não acredito que as políticas que nos trouxeram até aqui vão algum dia tirar-nos do marasmo em que nos encontramos. A menos que o petróleo suba outra vez.

Só com a alteração das actuais políticas económicas, Angola poderá aspirar a crescer mais do que o projectado pelo FMI. Em que sentido deverá ser estas alterações. Ricardo Gazel, o brasileiro que trabalha para o Banco Mundial em Angola dá a receita: O modelo de desenvolvimento de Angola tem de mudar. O papel do Estado passa a ser mais de regulador e incentivador da economia e menos agente económico actuante e principal.