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Opinião

Finalmente chamaram o FMI

Editorial

'Agora só falta chamar o Fundo Monetário Internacional (FMI)", foi o título do editorial de 5 de Janeiro na sequência da apresentação pela equipa económica do Plano de Estabilização Macroeconómica (PEM) para preparar as condições para a saída da crise.

O texto valeu-me uma forte crítica de uma leitora, que me acusou de ser "obcecado" pelo FMI e de ter "mentalidade colonial".
"Por vezes, parece-me que Carlos Rosado de Carvalho tem uma forte obsessão pelo FMI. Uma mentalidade colonial de quem acredita que apenas trabalho supervisionado por ocidentais pode ter credibilidade. Temos que começar a acabar com estas ideias, devemos afirmar-nos como nação, criar instituições e credibilizá-las sem que para isso tenhamos de agradar a ocidentais. Grande parte das políticas africanas falham muito porque os governantes e os opinion makers querem agradar a instituições estrangeiras em vez de agradar ao seu próprio povo".
Apesar da crítica mantenho o que disse.
Considerei e considero que o PEM é um bom programa. Faz um bom diagnóstico da situação económica actual, as soluções apontadas são, no essencial, adequadas às metas que se propõe atingir, as quais estão devidamente calendarizadas e podem ser acompanhadas através das métricas definidas.
Contudo, o problema de Angola nunca esteve nos planos, mas sim na execução.
Para ultrapassar este problema crónico do País sugeri ao Governo que solicitasse ao FMI um programa de assistência financeira.
Além de dinheiro em moeda forte, de que precisamos como de "pão para a boca", também precisamos de credibilizar o PEM, de convencer os agentes económicos angolanos e estrangeiros que vamos mesmo aplicá-lo.
A minha sugestão acaba de ser parcialmente acolhida pelo Executivo que anunciou esta semana ter solicitado ao FMI um programa denominado PCI, acrónimo inglês de Instrumento de Coordenação de Políticas. Digo parcialmente porque o programa não prevê assistência, somente o auxílio na implementação do PEM, o que contribuirá para o aumento da credibilidade externa do País.
Embora não preveja empréstimos, o PCI é muito parecido com um programa de assistência financeira. O Governo terá de escrever uma carta comprometendo-se com uma série de políticas cuja implementação será monitorizada duas a três vezes por ano pelo FMI.
Nos programas de assistência financeira, em caso de incumprimento o FMI congela novas tranches dos empréstimos. No PCI, a espada de Dâmocles é o FMI denunciar o programa e com isso descredibilizar o País perante os credores. Espero que resulte.