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Colega, não me chames de "tia", que eu não sou da tua família!

EM ANÁLISE

Se a pessoa é jovem e atraente, pode também ser vista como sendo boa, inteligente, confiante, sociável, carismática, alguém que está bem consigo e que é de confiança; e se a pessoa é vista como "velha", pode ser considerada retrógrada, intolerante, pouco atenta, pouco informada, pouco apta para trabalhos mais exigentes, ultrapassada, pouco atraente.

Marta: Desculpem, mas eu não sou tia dele. Odeio que me chamem de "tia"! Eu só lhe disse para não me voltar a chamar de "tia"!

Antónia: Marta, ele estava a ser educado. Começou a trabalhar há pouco tempo. Só estava a mostrar respeito. Coitado do moço!

Marta: Não é respeito, se eu me sinto desrespeitada. Acho que devíamos chamar "dr." e "dra." a toda a gente e ponto. Ou "senhor" e "senhora".

Alberto: Ou podíamos chamar-nos todos pelo nome apenas.

Marta: Ou isso.

Antónia: No Brasil, se chamas "senhora", há mulheres que ficam muito ofendidas. Ainda te dizem: "Senhora é você!". Parece que as estás a chamar de velhas. Tens de dizer "senhorita".

Alberto: "Senhorita" não é só para as solteiras?

Antónia: Solteiras e jovens. Com ênfase na palavra "jovens"!

Marta: Em Portugal, ouço sempre as moças das lojas a chamarem todas as mulheres de "menina", mesmo que tenham 90 anos. Juro!!

Antónia: "Menina"? Isso é muito engraçado! Se uma moça mais nova do que eu me chama "menina" não sei se me rio ou se fico zangada.

Alberto: Olha, eu estava a dizer a um cliente: "O senhor tem de trazer a cópia do documento". Ele não estava a entender nada. Quando eu lhe disse: "Papá, traga a cópia do documento" - ele sorriu e entendeu tudo. E essa?

Marta: Os nossos clientes mais velhinhos são "paizinhos" e mãezinhas", já sabemos.

Antónia: Não sei. Vais chamar "paizinho" ao nosso PCA, que tem 72 anos?

Marta: Não, mas ele também não é nosso cliente.

Antónia: E se fosse, chamavas de "paizinho"? Olhavas para ele, com o seu fato Armani e óculos escuros, e dizias: "Paizinho, posso ajudar"? Estás louca?

Alberto: Eu trato por "papá" e "mamã" os pais dos meus amigos.

Antónia: Eu trato por "tio" e "tia".

Marta: Não gosto nada disso. Eu trato por "senhor" e "senhora".

Alberto: Vão te bater!

Marta: Ontem, no discurso do director, ele chamou a senhora ministra de "nossa mamã"!

Alberto: Mas ela é mesmo a nossa mãe grande.

Marta: Quando a vires, diz- -lhe então: "Mamã ministra, olha só aqui para os teus filhos".

Alberto: Achas que ela se chateava?

Marta: Mamã jovem de um marmanjo de 39 anos como tu? Poupa-me!

Antónia: Olha, chegou o Tio Manuel.

Marta: Epá, eu detesto isso de "Tio Manuel". É tão pouco profissional.

Antónia: E "cota" - pode ser?

Alberto: Falando com sinceridade, podem até me chamar de "cota", mas também não gosto que me chamem de "tio". Estava numa festa, veio uma moça de uns 20 anos até à minha mesa e disse: "Tio, pode me passar aquela garrafa, por favor?". Até senti um aperto no coração. Eu não sou tão velho assim!

Marta: Estás a ver como não é bom? Estão a querer chamar- -nos de velhos!

Antónia: É sinal de respeito. É cultural. Aprendemos isso desde crianças.

Director Almeida: Pessoal, vamos trabalhar?

Leia o artigo integral na edição 771 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)