Passageiros e automobilistas apanhados de surpresa
Aqueles que serão os mais afectados com as subidas dos preços lamentam que os ajustes sejam feitos de um dia para o outro e sem aviso prévio.
A subida da tarifa dos táxis colectivos de 200 Kz para 300 Kz por viagem e a dos autocarros urbanos de 150 Kz para 200 KZ, na sequência do aumento do preço do litro de gasóleo de 300 Kz para 400 Kz, apanhou desprevenidos passageiros, automobilistas e taxistas.
À semelhança do que aconteceu com o ajuste do preço do gasóleo, também o anúncio da subida das tarifas dos transportes foi feito de um dia para o outro. Muitos passageiros de transportes públicos e automobilistas que abasteciam as suas viaturas afirmaram ao Expansão que estes anúncios de um dia para o outro afectam a programação financeira familiar porque são imprevisíveis.
Esmael dos Santos, estudante de Contabilidade e trabalhador, morador no Camama, diz não entender como é possível não ter sido comunicado à população com um mês de antecedência, para melhor se prepararem. "As pessoas não estavam preparadas psicologicamente e financeiramente" para, logo pela manhã da última segunda-feira, serem confrontadas com estes aumentos, lamenta o jovem que, até à data, gastava cerca de 30 mil Kz por mês e que agora antevê que a "factura" a pagar vá rondar os 40 mil Kz.
Há relatos de pessoas que para chegarem aos seus destinos foram obrigadas a fazer uma boa parte do percurso a pé, para evitar gastar acima das suas possibilidades.
Também os automobilistas que têm viaturas a gasóleo se queixam de uma nova subida dos preços deste combustível. "Eu particularmente, vou registar um aumento considerável naquilo que são as despesas de combustível que já tenho orçamentadas para o mês", admitiu Lionel Caculo, que esta segunda-feira se encontrava a abastecer a sua viatura no 1.º de Maio, no centro da capital do País. Caculo prevê mais 12 mil Kz por mês, o que "complica" o orçamento familiar até porque, considera, os bens de consumo deverão acompanhar a subida de preços. "Boa parte dos produtos encontrados nos supermercados e todos os outros pontos de comercialização dependem directamente do gasóleo, por causa dos canais ou meios de distribuição, que normalmente são os camiões e os transportes pesados que assumem essa distribuição. Logo, isso de forma geral vai mesmo afectar o bolso dos cidadãos", sublinha.
Na segunda-feira, o ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d´Abreu, justificou o aumento as tarifas nos serviços colectivos urbanos com o "grande peso" dos combustíveis na estrutura de custos do sector, acrescentando que a medida está alinhada com os operadores.