Custos com pessoal na Sonangol baixam para 662 milhões USD em 2024
A evolução negativa do número de trabalhadores e das despesas com salários corresponde à queda da produção de petróleo. Dados da Sonangol indicam que, nos últimos exercícios, a empresa regista menos trabalhadores activos, menos custos com pessoal - e também menos lucros.
As despesas com ordenados, salários e outros benefícios pagos aos colaboradores do Grupo Sonangol continuam a baixar em dólares norte-americanos, que é a moeda funcional da maior empresa do País, e a subir em kwanzas, sobretudo devido aos efeitos da desvalorização cambial. Segundo o Relatório e Contas 2024 da Sonangol, nos últimos três exercícios financeiros - 2022, 2023 e 2024 - os custos totais com pessoal desceram de 955 milhões USD para 662 milhões USD, uma quebra de 31% que reflecte também uma redução do número de trabalhadores.
No mesmo período, os custos com pessoal desceram de 955 milhões USD, em 2022, para 767 milhões USD, em 2023, até atingirem os referidos 662 milhões USD no ano passado. Em relação ao número total de trabalhadores, depois de atingir um máximo de seis anos em 2022, com 7.988 profissionais, o Grupo Sonangol fechou 2024 com 7.249 colaboradores registados, uma descida de 9,25% em três anos (ver infografia).
De acordo com os cálculos do Expansão, baseados nas informações oficiais divulgadas pela Sonangol e nas taxas médias de câmbio anuais apuradas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), apesar de 2022 ter sido o exercício com maiores custos nominais relativos a trabalhadores desde 2019, o salário médio foi o mais baixo, naquele que é outro efeito das oscilações cambiais e do número de trabalhadores activos: 8,4 mil USD, que compara com os 10,5 mil USD de 2019, 12,9 mil USD em 2020 e 10,7 mil USD em 2021. Nos últimos dois anos, a remuneração média no Grupo Sonangol fixou-se nos 9,6 mil USD, em 2023, e 10,9 mil USD no ano passado. Esta evolução mostra que contrariamente ao que aconteceu na quase totalidade das outras empresas, os salários da Sonangol não foram afectados pela desvalorização da moeda nacional ao longo dos tempos.
De acordo com o Relatório e Contas 2024, a rubrica "Custos com pessoal" inclui as sub-rubricas e os custos com "Ordenados, salários e remunerações adicionais", "Subsídio de turno de função", "Despesas com formação", "Abono de família", "Encargos com Segurança Social", "Despesas de estadia", "Encargos com seguros", "Outros custos com pessoal", "Fardamentos", "Benefícios de reforma" e "Benefícios pós-emprego", que diz respeito especificamente aos planos de pensões e de saúde oferecidos pela Sonangol aos trabalhadores reformados.
Em 2024, apenas três das referidas sub-rubricas, mais concretamente "Ordenados, salários e remunerações adicionais" (481 milhões USD), "Serviços extraordinários" (6 milhões USD) e "Outros custos com pessoal" (50 milhões USD) representam despesas de 537 milhões USD ou 86,3% dos custos totais com os trabalhadores do Grupo Sonangol.
A variação cambial também explica por que razão as despesas em moeda nacional aumentaram de 434.542 milhões Kz, em 2022 (quando em média 1 USD valia 455 Kz), para 576.195 milhões Kz no ano passado (1 USD custava 870 Kz). Esta tendência de aceleração dos custos com pessoal em moeda nacional verifica-se pelo menos desde 2019, ano que serve de referência por ter sido o último antes da pandemia (que desarticulou boa parte da economia nacional e internacional, com especial incidência no sector petrolífero).
"O aumento verificado no período, face ao exercício de 2023, resulta essencialmente do efeito associado à depreciação do Kwanza face ao dólar dos Estados Unidos da América", assinala a Sonangol no Relatório e Contas 2024.
Sonangol EP é a maior empregadora
No final de Dezembro do ano passado, 71% dos trabalhadores do Grupo Sonangol estavam alocados à Sonangol E.P. e às subsidiárias integradas na cadeia de valor de petróleo e gás. "Os adicionais 29% estavam alocados aos negócios não-nucleares, com maior representatividade para os colaboradores afectos à Clínica Girassol, que contava com um total de 1.357 colaboradores" no final de 2024, descreve a Sonangol.
Em termos de caracterização etária da força de trabalho, em 2024, 10% dos colaboradores tinham entre 26 e 35 anos, 45% entre 36 e 45 anos, 34% entre os 46 e 55 anos, 10% entre os 56 e 60 anos e 1% apresentava idade superior a 60 anos. Em 2024, 89% dos trabalhadores da Sonangol tinham idades entre 36 e 60 anos.
Leia o artigo integral na edição 836 do Expansão, de Sexta-feira, dia 25 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)