A imagem do País: seus efeitos sobre a captação de investimentos estrangeiros
O governo angolano tem adoptado medidas para atrair o investimento estrangeiro, corrigindo eventuais falhas do mercado interno, incluindo sua baixa competitividade, infra-estruturas insuficientes, procedimentos morosos e dispendiosos para os negócios. No entanto, a despeito dos esforços de reforma propensos a melhorar o clima de investimentos, certos investidores estrangeiros podem continuar a ter uma imagem desfavorável de Angola, seja um verdadeiro reflexo do País ou não, mas impactando na decisão de investimento final. Os esforços do governo podem ser ignorados pelos investidores estrangeiros por falta de informação ou por outras considerações.
Ora, o clima de investimento percebido é tão importante quanto o real. Se os investidores têm uma má imagem do País, isso terá uma influência significativa nas opiniões e nas decisões de investimento das empresas estrangeiras.
Empreender a construção da imagem do País constitui um elemento imprescindível da promoção de investimentos. Seu desígnio é convencer a comunidade de investidores de que existe, no País, um ambiente comparativamente liberal e atraente para as operações comerciais.
Isto é importante para os países potencialmente atraentes, mas cuja imagem é associada aos seus vizinhos relativamente pouco atractivos para formar, na percepção dos investidores, regiões pouco ou nada cativantes. Por exemplo, no caso do continente africano, que compreende uma grande variedade de situações políticas e económicas, bem como condições de investimento diferenciadas, alguns investidores tendem a ter uma percepção negativa quase automática sobre a região como um todo, sem levar em conta as recentes melhorias no clima e oportunidades de investimento de certos países.
A construção da imagem é igualmente relevante para os países que passam por grandes reformas políticas e económicas, como é o caso de Angola.
Instrumentos de promoção de imagem
Existem dois tipos principais de actividades que podem ser preconizadas para construir uma imagem positiva do clima de investimento do País. O primeiro tipo de actividades é a oferta ao público em geral de informações oportunas e precisas sobre o País. Tais informações podem ser transmitidas através de diversos suportes de comunicação e cobrir uma variedade de tópicos, incluindo dados sobre um sector específico ou o País. A selecção de formatos, modos e meios para a transmissão de informações é, em última análise, uma função de custo e intenção.
O segundo é mais focado na comunidade empresarial. A construção da imagem permite, assim, que o País aproveite a primeira impressão do investidor em relação ao potencial local de investimento, enquadrando e destacando as informações úteis e necessárias para tomada de decisão sobre os investimentos. Estas informações podem ser transmitidas aos investidores através de diversos instrumentos, entre os quais a criação de sítios internet, campanhas publicitárias, relações públicas com a imprensa estrangeira, bem como participação em conferências.
*Economista
(Leia o artigo integral na edição 588 do Expansão, de sexta-feira, dia 21 de Agosto de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)