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Opinião

O Estado e a nossa "galinha dos ovos dourados"!

Convidado

O Chefe do Estado angolano enunciou as seguintes palavras à administração da Sonangol, quando a empresa passou a ser liderada por Carlos Saturnino, no exercício de 2017: "Continue a ser, para a nossa economia, a galinha dos ovos de ouro.

Eis a razão por que fazemos este apelo, para que cuidem bem dela". A dependência excessiva de uma única fonte de receitas de exploração torna o Estado angolano e os seus objectivos muito vulneráveis às variações de preços, no mercado internacional, pelo que se torna imprescindível uma gestão eficiente na Sonangol que reflicta resultados positivos para a economia nacional. Por esta razão, o executivo esteve directamente envolvido com o objectivo de garantir que os "ovos" desta "galinha" continuem a ser de "ouro", nem que isto signifique constantes exonerações e nomeações na administração da gestão da Sonangol. Por exemplo, houve a activação do Conselho de Administração da Sonangol E.P. e a nomeação dos seus membros, o mesmo em 2002 quando o Conselho de Ministros renovou o mandato dos membros do Conselho de Administração da Sonangol. Houve ainda, em 2005, renovação dos mandatos do PCA e do Eng. Syanga Abílio e a nomeação de três novos administradores, em 2008, por exemplo, houve prorrogações e a nomeação de membros para o Conselho de Administração de Gestão da Sonangol.

O mesmo em 2012 com a nomeação de José Maria, em 2016 com a nomeação de Isabel dos Santos, em 2017 a nomeação de Carlos Saturnino e, mais recentemente, com a nomeação de Sebastião Gaspar Martins. Tem sido comum, a crescente discussão em torno de exonerações e nomeações que, por muitas reflexões, foram rotuladas como "duvidosas e/ou tendenciosas".

Muito mais do que discutir quem foi exonerado, quem devia ser nomeado, ou quem não devia ser exonerado, salta-nos à vista algumas questões que, embora pareçam básicas, as respostas subtilmente nos levariam a uma série de reflexões capazes de "corrigir onde está mal e melhorar porque está bem", ou seja, interessa questionar como o poder político influencia (com as suas exonerações e nomeações) os resultados económicos e financeiros da Sonangol. Até que ponto se justificaram as exonerações. E se as nomeações corresponderam às expectativas criadas em torno delas.

Para responder a estas questões vamos auxiliar-nos da análise económica e financeira e, para tal, vamos usar os balanços e demonstrações financeiras de 2016 a 2019. Usaremos instrumentos de análise, como a liquidez geral, solvabilidade, autonomia financeira, estrutura de endividamento, estrutura de financiamento, o ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] e ebit [lucro antes de juros e impostos], e de rentabilidades. Assim, os anos de 2016 e 2017 servirão para responder se foram justificáveis as exonerações em 2017 e 2018 e se valeram a pena as nomeações. Na tabela calculamos os indicadores financeiros e económicos de forma a analisar se, à luz da análise económica, os nomeados neste período, nomeadamente, Isabel dos Santos (2016), Carlos Saturnino (2017) e Sebastião Gaspar Martins (2018-2019), corresponderam às expectativas criadas e definição de boa gestão, segundo a gestão financeira.

*Gestor financeiro e investigador

(Leia o artigo integral na edição 605 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Dezembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)