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Paulo Trindade: “País precisa de fomentar mercado com fundos de investimentos imobiliários”

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O director executivo da consultora imobiliária Abacus, associada da consultora internacional Savills, assegura que o modelo de renda resolúvel nas novas centralidades não vai arrefecer o mercado de venda e aluguer de apartamentos. Explica que a realidade onerosa do imobiliário não é diferente da conjuntura que afecta quase toda a economia.

 

Que aspectos de fundo marcam o estudo Relatório de Mercado Imobiliário 2013 da Abacus?

O Relatório de Mercado Imobiliáriode2013 reflecte a nossa opinião do ano transacto e as tendências para o ano de2013, que assentam, essencialmente, na alteração do modelo de contratação dos activos imobiliários, passando da compra para o arrendamento, e a necessidade da existência em breve de fundos de investimentos imobiliários para responder aos promotores imobiliários que apenas querem vender.

Que vantagens concretas haveria para os promotores com a existência de fundos de investimentos imobiliários?

As vantagens não seriam só para os promotores, mas, sim, para o conjunto dos agentes intervenientes no ciclo do imobiliário. Ora, vejamos: o objectivo dos promotores é vender, o objectivo dos inquilinos é arrendar, e o objectivo dos fundos é comprar o arrendado. Este ciclo completa-se, uns querem ocupar com arrendamento, outros viabilizam a intenção dos que apenas querem vender, uma vez que compram arrendados. Assim seria possível fomentar o crescimento do mercado com mais opções, aumentando a construção, onde estão envolvidas as construtoras, os arquitectos, projectistas, agentes comerciais, etc. Todos beneficiariam deste ciclo.

Por que razão a tendência para 2013depreçosdearrendamento de apartamentos novos na zona Luanda Velha prevê um aumentofacea2012?

Pela esperada absorção positiva, entre os quadros expatriados, entre os que terminam as suas missões e os novos que vão entrar em Luanda.

A venda de apartamentos nas novas centralidades vai arrefecer a evolução positiva de preços nas seis zonas que o estudo da Abacus espelha?

Em absolutamente nada. São segmentos de mercado Completamente distintos que não se cruzam.

O preço de venda e aluguer de escritórios novos na zona prime de Luanda tende a aumentar. Que fenómeno está por detrás do cenário imobiliário?

O crescimento económico e a necessidade de as organizações trabalharem em locais próprios dita esta quase nova tendência. As empresas crescem e, consequentemente, aumenta o número de pessoas ou colaboradores. Aumentando o número de pessoas, são necessários mais metros quadrados, em termos de espaço, para estas trabalharem. Na verdade, é um fenómeno simples para se perceber.

Os investimentos previstos nos sectores dos petróleos e gás, e até da mineração, influenciarão ou não para a estabilidade de preços?

Não estabilizarão. A provocar alguma tendência, será o aumento dos preços até se construírem edifícios que respondam a esse crescimento da procura. Estes segmentos económicos são muito específicos, pelo que necessitarão de muita especialidade técnica, que não se encontra em Angola, solução, quadros com competência que apenas internacionalmente se encontrarão.

Oque poderá acontecer sobre as intenções de investimento privado no imobiliário, com a adopção do modelo de renda resolúvel para as novas centralidades?

É um modelo de negócio arriscadíssimo. Enquanto não existirem mecanismos de premiar os cumpridores e penalizar os incumpridores. Isto leva a questões políticas, eu sou um técnico.

Acha que Luanda continua a ter um mercado imobiliário caro, a nível do mundo?

Acho um erro terrível falar apenas no imobiliário. É um País encarecido de uma forma geral, onde uma Interne tem condições se televisão são 600USD/mês, dois pêssegos são 15 USD. Todo o País tem um nível de vida acima da média, onde também se encontra o imobiliário.

Qual é a realidade do mercado na África do Sul, EUA, Brasil, França, Portugal?

São mercados completamente dispares que não se podem comparar. E enquanto, por exemplo, o Brasil cresce a um ritmo forte, os preços têm uma tendência em crescer. França e África do Sul são países estáveis, mantendo preços. Os EUA, pela sua dimensão geográfica, apesar do ritmo económico lento, têm em alguns locais mantido os preços, em outros locais têm vindo a descer. Quanto a Portugal, é sabido que se encontra em reorganização económica com forte limitação no crescimento económico, levando a uma redução dos preços. Aparentemente, os valores já estão a estabilizar, evidentemente, reduzindo em relação há uns anos. Agora é o tempo próprio para comprar em Portugal, especialmente devido ao Golden Visa, de que já saiu legislação há cerca de duas semanas.

A conclusão de shoppings que podem revolucionar o mercado parece continuar "adiada", o que dizem os investidores a respeito desta situação?

Os shoppings são um tema muito particular. É um modelo específico dentro do universo do imobiliário, onde a montagem financeira nada tem que ver com uma normal promoção de escritórios ou residencial, em que os retornos e o dia-a-dia são particulares. Há ainda a questão de como vai responder o público utilizador, porque, no fundo, tudo vive de rentabilidades.