Compra de divisas pelos bancos comerciais aumenta 10% em 2024
Sector petrolífero continua a ser o maior fornecedor de divisas aos bancos, tendo cedido 4,4 mil milhões USD (41% do total). Mesmo com o aumento da quantidade de divisas adquiridas pela banca e a estagnação do kwanza, o acesso a moeda estrangeira continua a ser um problema.
Os bancos comerciais adquiriram, em 2024, um total de 10,8 mil milhões USD, mais 963 milhões USD (10%) do que em 2023, quando adquiriram cerca de 9,9 mil milhões USD, de acordo com o relatório da evolução do mercado cambial recentemente divulgado pelo Banco Nacional Angola.
De acordo com o relatório, o sector petrolífero continua a ser o maior fornecedor de divisas aos bancos, tendo cedido 4,4 mil milhões USD (41% do total). Já o sector diamantífero cedeu 1,1 mil milhões USD. Os bancos adquiriram ainda cerca de 2,4 mil milhões de clientes diversos que não transaccionam na plataforma Bloomberg. Para além das divisas adquiridas de forma pontual, o Tesouro Nacional e o BNA disponibilizaram aos bancos 2,0 mil milhões e 953,5 milhões USD, respectivamente.
Apesar de os bancos terem adquirido mais divisas em 2024 e dos esforços do governo para facilitar o acesso às divisas para os bancos, as dificuldades continuam e ainda existem muitos constrangimentos para quem quer enviar dinheiro para o exterior do País. Com a escassez de divisas, as transferências internacionais e a quase inactividade das casas de câmbio, as kinguilas são procuradas ainda com mais frequência.
Estagnação do kwanza abrange mercado paralelo
O "gap" (diferença) entre o mercado formal e o paralelo na compra de divisas foi variando ao longo do ano passado. No entanto, com a estagnação da taxa de câmbio que se estende já há três meses, o "gap" entre o Kwanza e a moeda europeia também ficou praticamente estagnada e a rondar os 25%. Até terça-feira, 04, uma nota de 1 Euro estava avaliada em 946,9 Kz no mercado formal enquanto no paralelo era comercializada por 1.180 Kz. Já no caso da moeda norte-americana o "gap" está agora situado em 22%. A taxa média do regulador é de 912 Kz por dólar, mas a mesma nota custa 1.110 Kz nas kinguilas.
Este cenário justifica-se pela estagnação do Kwanza no mercado formal desde que atingiu a barreira dos 912,0 Kz por dólar, uma vez que desde o início de Dezembro do ano passado depreciou apenas 0,03% face à moeda norte- -americana, ao passar de 912,3 Kz para os actuais 912,0 Kz, de acordo com cálculos do Expansão com base na taxa de câmbio do Banco Nacional de Angola (BNA).
Este cenário volta a levantar dúvidas sobre as intervenções do BNA no mercado cambial, reavivando uma espécie de regime de câmbio fixo, já que num mercado livre a estagnação da taxa de câmbio não é vista como normal.
O que define o valor da moeda nacional é a relação entre a oferta e a procura. Na prática, a fórmula de cálculo da taxa de câmbio não segue as regras de mercado, ou seja, quando a procura é superior à oferta de dólares, o kwanza deprecia. E vice-versa. Assim, passado depois meses, o kwanza está parado. A moeda nacional apenas negociou acima dos 912,0 Kz no dos dias 21 e 22 de Dezembro quando atingiu 918,0 Kz por dólar, tendo caído para 912,0 Kz no dia seguinte. De lá para cá, o Kwanza não apreciou, nem depreciou.
Mercado formal vs paralelo na prática
Mesmo com um "gap" de 25%, ir às kinguilas, sobretudo quando se pretende obter menos de 495 euros, pode ser mais barato do que recorrer ao mercado formal.
A título de exemplo, se o cliente pretende transferir 400 euros, precisa de ter no mínimo 488 mil Kz na conta. Contas feitas, cada euro custa 1.218 Kz, quando transferido para o exterior, ao passo que nas kinguilas cada unidade da moeda europeia saía esta terça-feira a 1.180 Kz, tornando- -se assim mais barato comprar divisas no mercado informal.
Leia o artigo integral na edição 816 do Expansão, de sexta-feira, dia 07 de Março de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)