Reconstruir Gaza com palestinianos custa 53 mil milhões USD
Apesar de contar com o apoio da maioria dos líderes árabes da região e da presidência da União Africana, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Argélia colocaram-se de fora. Plano egípcio estima em 53 mil milhões USD os custos de reconstruir a Faixa de Gaza, no espaço de cinco anos. Israel e EUA estão contra.
Os líderes árabes aprovaram o plano egípcio de reconstrução de Gaza, de 53 mil milhões USD, que foi apresentado terça-feira, na cimeira extraordinária da Liga Árabe, a primeira reunião em que João Lourenço participou na qualidade de presidente em exercício da União Africana. O plano, que evita o realojamento dos palestinianos, como propõe a Administração Trump, foi rejeitado pela Casa Branca, que mantém a intenção de transformar o enclave na "Riviera do Médio Oriente", como afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Brian Hughes.
Apesar das questões ainda em aberto, o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, disse ter trabalhado em cooperação com os palestinianos na criação de um comité administrativo que ficará responsável por governar Gaza durante seis meses. Esse período será usado para preparar o regresso da Autoridade Palestiniana, 18 anos depois de ter sido derrubada pelo Hamas, que assumiu em 2007 o controlo do território.
"O Egipto, em cooperação com os seus irmãos na Palestina, trabalhou para formar um comité administrativo de profissionais e tecnocratas palestinianos independentes encarregados de gerir a Faixa de Gaza", explicou Sisi, salientando que o plano egípcio garante que o "povo palestiniano permaneça nas suas terras". O estabelecimento do Estado palestiniano é condição essencial e sem a qual não haverá "verdadeira paz", clarificou.
O Presidente Sisi anunciou ainda que o Egipto vai acolher uma conferência de reconstrução no próximo mês, apelando a todos os "países livres e amigos para contribuírem para este caminho e para participarem efectivamente na conferência de reconstrução". Apelou ainda a contribuições para o fundo de apoio à Faixa de Gaza, que deverá ser criado para ajudar as famílias palestinianas, escreve a revista Egypt Today.
"Sinais contraditórios"
Falando no Cairo, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, citado pela CNN, prometeu a realização de eleições gerais na Cisjordânia, em Gaza e em Jerusalém Oriental ocupada pela primeira vez em quase duas décadas "se as circunstâncias forem adequadas".
Já o Hamas, segundo a Al Jazeera, concorda com a proposta liderada pelo Egipto e congratula-se com os apelos para a realização de eleições legislativas e presidenciais o mais rapidamente possível, embora o grupo que controla a Faixa de Gaza tenha feito declarações, nas últimas semanas, que enviam "sinais contraditórios sobre o seu futuro no território", como observa a Reuters.
Particularmente significativas foram as ausências da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e da Argélia, o que pode comprometer o plano de reconstrução egípcio, nomeadamente na mobilização de financiamento. Segundo a CNN, o presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, boicotou a reunião, com o argumento de que cimeira foi "monopolizada por um grupo limitado e restrito de países árabes". Sobre as ausências da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos não avançaram explicações.
O plano apresentado pelo governo do Egipto aponta para a reconstrução de Gaza até 2030, mas ainda não tem garantias de financiamento que assegurem a sua concretização. Numa primeira fase, será promovida a limpeza do território, com a remoção de munições não detonadas e de 50 milhões de toneladas de escombros dos bombardeamentos israelitas. Numa segunda fase, serão reconstruídas as habitações e infraestruturas, que incluem centros comerciais, um centro de convenções internacional, um aeroporto e resorts, de acordo com cópia do documento vista pela CNN.
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